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entrevista
"Mídia pode subsistir sem afetar criança"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Também no Brasil para o
fórum, Cecília Von Feilitzen,
pesquisadora e coordenadora do International Clearinhouse -observatório que
estuda a relação entre mídia
e infância- traz ao país a experiência sueca, onde é proibida a publicidade para menores de 12 anos.
O modelo é semelhante ao
projeto de lei 5.921/2001,
que tramita na Câmara dos
Deputados. Se aprovado, ficam proibidos no Brasil todos os tipos de publicidade
em todos os horários e em
qualquer tipo de mídia.
FOLHA - Como funciona a regulamentação na Suécia?
CECÍLIA VON FEILITZEN - Não é
permitido fazer propaganda
nem antes nem depois da
programação infantil. Nem
para adultos nem para crianças. Durante a programação
[em geral, sem ser a infantil],
pode haver propagandas,
mas não para crianças.
FOLHA - Outras mídias também
possuem regulamentação?
FEILITZEN - Não. O que existe
é uma lei geral relacionada
ao marketing. A propaganda
tem que ser bastante ética e
levar em consideração que as
crianças não têm muita experiência, que elas não têm
tanto senso crítico quanto o
adulto.
FOLHA - Como foi a aceitação
dessas leis?
FEILITZEN - [Na Suécia], desde o começo não há propaganda na TV para crianças.
Não tivemos, até hoje, que
fazer esse tipo de publicidade. A mídia pode subsistir
sem ter de afetar a criança
diretamente por meio da
propaganda. Na Suécia temos essa preocupação com a
qualidade da programação
infantil. [Também] passamos a programação infantil
em um horário em que as
crianças possam assistir
junto com seus pais.
FOLHA - A propaganda gera impactos diferentes de acordo com
a idade da criança?
FEILITZEN - Há muita diferença entre as formas de influência sobre a criança. Aos
12 anos, elas podem compreender totalmente qual é o
objetivo de uma propaganda.
Mas a propaganda tem que
ser claramente diferenciada
[dos programas infantis] para ela perceber.
FOLHA - Quais os desafios para
frear o consumo entre meninos e
meninas?
FEILITZEN - A [diversificação
da] mídia está cada vez
maior. Há outras formas de
consumo [como celulares e
computadores], o que torna
mais difícil a diferenciação
entre conteúdo de mídia e
propaganda. A indústria da
propaganda percebeu que a
família é muito influenciada
pelo o que a criança quer. Os
pais acabam direcionando
[as compras] para a vontade
dos filhos. Há uma grande
pressão [para o consumo infantil], em toda a mídia.
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