São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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entrevista

"Mídia pode subsistir sem afetar criança"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Também no Brasil para o fórum, Cecília Von Feilitzen, pesquisadora e coordenadora do International Clearinhouse -observatório que estuda a relação entre mídia e infância- traz ao país a experiência sueca, onde é proibida a publicidade para menores de 12 anos. O modelo é semelhante ao projeto de lei 5.921/2001, que tramita na Câmara dos Deputados. Se aprovado, ficam proibidos no Brasil todos os tipos de publicidade em todos os horários e em qualquer tipo de mídia.

 

FOLHA - Como funciona a regulamentação na Suécia?
CECÍLIA VON FEILITZEN
- Não é permitido fazer propaganda nem antes nem depois da programação infantil. Nem para adultos nem para crianças. Durante a programação [em geral, sem ser a infantil], pode haver propagandas, mas não para crianças.

FOLHA - Outras mídias também possuem regulamentação?
FEILITZEN
- Não. O que existe é uma lei geral relacionada ao marketing. A propaganda tem que ser bastante ética e levar em consideração que as crianças não têm muita experiência, que elas não têm tanto senso crítico quanto o adulto.

FOLHA - Como foi a aceitação dessas leis?
FEILITZEN
- [Na Suécia], desde o começo não há propaganda na TV para crianças. Não tivemos, até hoje, que fazer esse tipo de publicidade. A mídia pode subsistir sem ter de afetar a criança diretamente por meio da propaganda. Na Suécia temos essa preocupação com a qualidade da programação infantil. [Também] passamos a programação infantil em um horário em que as crianças possam assistir junto com seus pais.

FOLHA - A propaganda gera impactos diferentes de acordo com a idade da criança?
FEILITZEN
- Há muita diferença entre as formas de influência sobre a criança. Aos 12 anos, elas podem compreender totalmente qual é o objetivo de uma propaganda. Mas a propaganda tem que ser claramente diferenciada [dos programas infantis] para ela perceber.

FOLHA - Quais os desafios para frear o consumo entre meninos e meninas?
FEILITZEN
- A [diversificação da] mídia está cada vez maior. Há outras formas de consumo [como celulares e computadores], o que torna mais difícil a diferenciação entre conteúdo de mídia e propaganda. A indústria da propaganda percebeu que a família é muito influenciada pelo o que a criança quer. Os pais acabam direcionando [as compras] para a vontade dos filhos. Há uma grande pressão [para o consumo infantil], em toda a mídia.


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