São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Justiça do Paraná decreta prisão de 3 suspeitos de chacina

Com o depoimento de três sobreviventes, a polícia identificou os acusados pela morte de 15 pessoas em Guaíra anteontem

Representantes brasileiros e paraguaios solicitarão a adoção de um protocolo que combata o tráfico de drogas e o contrabando na região

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUAÍRA

A Justiça do Paraná decretou ontem a prisão de três suspeitos pela chacina ocorrida em Guaíra (PR) em razão de uma briga entre quadrilhas de tráfico de drogas. Quinze pessoas morreram e outras oito ficaram feridas -quatro estão internadas, sob custódia da polícia.
Os suspeitos, Jair Pereira Correa, 52, o Neno, Ademar Fernando Luiz, 27, o Do Bleike, e Cleisson Correa, filho de Neno, possuem passagem na polícia por tráfico de drogas.
A Polícia Civil do Paraná chegou a eles a partir de depoimentos de um menino de nove anos e de uma adolescente de 16 anos -que teve o marido, um traficante carioca, morto. Os dois conseguiram escapar da matança. Um dos feridos, um homem de 26 anos, também auxiliou no reconhecimento.
"Eles já estão plenamente identificados", disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, em entrevista ontem em Guaíra (662 km de Curitiba).
Antes, houve reunião com a presença do superintendente da Polícia Federal no Paraná, Delci Carlos Teixeira, de promotores públicos de Guaíra, de fiscais (equivalentes a promotores) de Salto del Guairá, do chefe da Polícia Nacional do Paraguai no Departamento de Canindeyú e do chefe da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) em Salto del Guairá.
Ficou acertado que Paraná e Canindeyú solicitarão aos ministérios da Justiça dos dois países a adoção de um protocolo que combata o tráfico de drogas e o contrabando na região.
De acordo com Delazari, os três suspeitos chegaram de barco pelo rio Paraná à chácara onde houve as mortes, o que reforça a hipótese de que fugiram para o lado paraguaio -também de barco.
Segundo a polícia, os três agressores ficaram mais de cinco horas na chácara de Jocemar Soares, o Polaco. Ele e Manoel Pascoal da Silva, o Nel, eram os principais alvos dos suspeitos. Segundo depoimentos dos sobreviventes, os três suspeitos dominaram inicialmente Polaco, um filho dele de 17 anos e uma filha de 20 anos e o obrigaram a ligar para Nel.
Os quatro acabaram mortos. As outras vítimas, parte delas envolvida com o tráfico de drogas, foram sendo mortas à medida que chegavam à chácara, ponto de distribuição de maconha na cidade.
Ontem, foram encontrados 11 pacotes de maconha, totalizando 18 kg, junto a espigas de milho no depósito onde houve a chacina. Anteontem, a Polícia Militar já havia recolhido outros 10 kg da droga no local.
De acordo com Delazari, a razão para a chacina foi vingar a morte -determinada por Polaco e cumprida por Manoel Pascoal da Silva- de Dirceu de França, 22, há um mês.
França era enteado de Neno, um dos procurados, e foi morto por ter desviado parte de um carregamento de maconha que tinha como destino a favela da Rocinha, na zona sul, no Rio de Janeiro.
A adolescente que escapou da chacina disse à Folha que seu marido estava em Guaíra para resolver "problemas do envio de mercadorias" (leia texto abaixo).
Segundo ela, eles iam passar um mês em Guaíra para que o marido, Robert Ramom Guedes Rios, 35, resolvesse o problema de fornecimento à favela da Rocinha.


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