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Justiça do Paraná decreta prisão de 3 suspeitos de chacina
Com o depoimento de três sobreviventes, a polícia identificou os acusados pela morte de 15 pessoas em Guaíra anteontem
Representantes brasileiros e paraguaios solicitarão a adoção de um protocolo que combata o tráfico de drogas e o contrabando na região
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUAÍRA
A Justiça do Paraná decretou
ontem a prisão de três suspeitos pela chacina ocorrida em
Guaíra (PR) em razão de uma
briga entre quadrilhas de tráfico de drogas. Quinze pessoas
morreram e outras oito ficaram
feridas -quatro estão internadas, sob custódia da polícia.
Os suspeitos, Jair Pereira
Correa, 52, o Neno, Ademar
Fernando Luiz, 27, o Do Bleike,
e Cleisson Correa, filho de Neno, possuem passagem na polícia por tráfico de drogas.
A Polícia Civil do Paraná chegou a eles a partir de depoimentos de um menino de nove anos
e de uma adolescente de 16
anos -que teve o marido, um
traficante carioca, morto. Os
dois conseguiram escapar da
matança. Um dos feridos, um
homem de 26 anos, também
auxiliou no reconhecimento.
"Eles já estão plenamente
identificados", disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari,
em entrevista ontem em Guaíra (662 km de Curitiba).
Antes, houve reunião com a
presença do superintendente
da Polícia Federal no Paraná,
Delci Carlos Teixeira, de promotores públicos de Guaíra, de
fiscais (equivalentes a promotores) de Salto del Guairá, do
chefe da Polícia Nacional do
Paraguai no Departamento de
Canindeyú e do chefe da Senad
(Secretaria Nacional Antidrogas) em Salto del Guairá.
Ficou acertado que Paraná e
Canindeyú solicitarão aos ministérios da Justiça dos dois
países a adoção de um protocolo que combata o tráfico de drogas e o contrabando na região.
De acordo com Delazari, os
três suspeitos chegaram de barco pelo rio Paraná à chácara onde houve as mortes, o que reforça a hipótese de que fugiram
para o lado paraguaio -também de barco.
Segundo a polícia, os três
agressores ficaram mais de cinco horas na chácara de Jocemar
Soares, o Polaco. Ele e Manoel
Pascoal da Silva, o Nel, eram os
principais alvos dos suspeitos.
Segundo depoimentos dos sobreviventes, os três suspeitos
dominaram inicialmente Polaco, um filho dele de 17 anos e
uma filha de 20 anos e o obrigaram a ligar para Nel.
Os quatro acabaram mortos.
As outras vítimas, parte delas
envolvida com o tráfico de drogas, foram sendo mortas à medida que chegavam à chácara,
ponto de distribuição de maconha na cidade.
Ontem, foram encontrados
11 pacotes de maconha, totalizando 18 kg, junto a espigas de
milho no depósito onde houve
a chacina. Anteontem, a Polícia
Militar já havia recolhido outros 10 kg da droga no local.
De acordo com Delazari, a razão para a chacina foi vingar a
morte -determinada por Polaco e cumprida por Manoel Pascoal da Silva- de Dirceu de
França, 22, há um mês.
França era enteado de Neno,
um dos procurados, e foi morto
por ter desviado parte de um
carregamento de maconha que
tinha como destino a favela da
Rocinha, na zona sul, no Rio de
Janeiro.
A adolescente que escapou
da chacina disse à Folha que
seu marido estava em Guaíra
para resolver "problemas do
envio de mercadorias" (leia
texto abaixo).
Segundo ela, eles iam passar
um mês em Guaíra para que o
marido, Robert Ramom Guedes Rios, 35, resolvesse o problema de fornecimento à favela
da Rocinha.
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