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SAÚDE
Vigilância constata defeitos e falta de higiene em produtos distribuídos na campanha de prevenção do colo de útero
Falhas comprometem kit ginecológico
MALU GASPAR
da Reportagem Local
O Ministério da Saúde distribuiu
kits para exames com falhas de fabricação aos postos de saúde que
realizam a campanha de prevenção ao câncer de colo do útero.
Na semana passada, a Vigilância
Sanitária de São Paulo realizou
uma vistoria na sede da empresa
Ginion, que montava e embalava
os kits, e constatou produtos com
problemas de higiene e instrumentos com defeito.
O relatório final da inspeção
concluiu que os problemas na
produção dos kits podem ter atingido produtos já distribuídos pelo
ministério aos postos do país.
Segundo a Vigilância, não é possível saber a extensão do problema, já que, conforme diz o relatório, não há como fazer o rastramento dos kits embalados por empresas terceirizadas, porque eles
não passaram pela Kolplast, que
venceu a licitação para fabricar os
produtos.
O ministério comprou 4 milhões
de kits para a distribuição nos postos de saúde. A campanha vai até
30 de setembro e é destinada a mulheres de 35 e 49 anos.
"Havia kits jogados nos cantos,
num saco no chão. Encontramos
também espéculos com rebarbas e
sujeira em espátulas", diz Waldemar José de Azevedo, diretor da
Direção Regional de Saúde 1 (DIR
1) de São Paulo, que enviou os técnicos para a vistoria.
Como os kits já foram distribuídos e podem ser inutilizados caso
tenham defeitos, não é possível saber quantos produtos com problemas chegaram aos postos.
Os defeitos também foram constatados por postos de São Paulo.
Antes da vistoria, a coordenação
estadual da campanha já havia recebido reclamações. Segundo a
coordenadora Wilza Villela, não
foram muitas.
"Reclamaram do tamanho dos
espéculos e disseram que incomodavam as pacientes na hora do
exame." Para ela, os defeitos podem estar na terceira remessa enviada ao Estado, que teria sido importada pela Kolplast.
Postos de Brasília também reclamaram, mas, segundo o coordenador da campanha, Silvio Carlos
Duarte, as reclamações se referiam
a falhas, sem especificação.
Espéculos são instrumentos introduzidos na vagina para ajudar a
visualizar o colo do útero durante
a coleta de material para o exame.
Se tiverem rebarbas ou superfície áspera, outro problema apontado, podem causar lesões, que
trazem sangramento e dores na relação sexual (veja quadro).
Se as espátulas estiverem sujas
na coleta, podem provocar inflamação. Cada kit tem um espéculo
de plástico descartável, luvas e instrumentos para a coleta do material do colo do útero das pacientes.
"Verificou-se, na Kolplast, que
o controle de qualidade não garantia a qualidade dos produtos
que levavam a sua marca. Havia
um problema com a garantia dos
serviços terceirizados, inclusive
com impossibilidade de rastreamento dos kits de papanicolau
produzidos pelo Ministério da
Saúde e já distribuídos", diz o relatório de técnicos da DIR 1. Depois da vistoria, a empresa foi interditada e autuada. Segundo a
Kolplast, havia problemas em apenas 100 mil kits embalados pela
Ginion, que não foram distribuídos. A empresa disse que é possível rastrear o destino de cada kit.
Colaborou
Priscila Lambert, da Reportagem
Local
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