São Paulo, quinta, 24 de setembro de 1998

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SAÚDE
Opas se reúne para tentar manter a meta de erradicação até o ano 2000
Argentina diz que o Brasil exportou surto de sarampo

da Reportagem Local

A epidemia de sarampo que atingiu o Brasil no ano passado foi exportada para a Argentina -e viajou de avião. Essa é a principal explicação do governo argentino para a chegada do vírus do sarampo ao país, que tem hoje 5.456 casos confirmados em laboratório.
A Argentina é hoje campeã de sarampo no continente americano, onde há 7.067 casos.
A Organização Pan-Americana da Saúde supõe que a epidemia Argentina já tenha se espalhado, atingindo também a Bolívia, que tem 208 casos confirmados de sarampo, e o Paraguai, que passou de 2 para 18 casos em uma semana.
No Brasil, segundo país do continente em número de casos da doença, o surto ainda continua, embora em proporções menos alarmantes. Desde o início do ano, foram 1.295 casos. Em 1997, 51.352 pessoas foram contaminadas.
Preocupada com esses dados, a Opas realiza hoje em Washington uma reunião com representantes de ministérios da Saúde para apresentar um plano de emergência para o sarampo no continente.
A entidade, braço da Organização Mundial da Saúde, quer garantir que a meta de erradicação do sarampo no continente até o ano 2000 seja cumprida.
Segundo Ciro de Quadros, diretor do programa de imunização da Opas, o plano prevê, entre outras medidas, o envio de especialistas para assessorar os países onde o sarampo ainda é preocupante.

Por avião
Os epidemiólogos argentinos e da Opas consideram quase certo que o vírus do sarampo tenha chegado à Argentina de avião, vindo de São Paulo.
Isso porque, segundo a chefe do programa de imunizações argentino, Isabel Miceli, as investigações epidemiológicas revelaram que o primeiro caso do surto argentino foi o de uma funcionária de limpeza da Varig no aeroporto de Buenos Aires. A capital argentina registra hoje 60% dos casos.
De acordo com Isabel, há fortes indícios de que o sarampo tenha vindo de São Paulo, mas só o estudo genético do vírus poderá revelar se ele é o mesmo que atingiu São Paulo. Ela disse acreditar que ainda é possível cumprir a meta estabelecida pela Opas. "Talvez tenhamos um atraso, mas de um ano, no máximo." (MG)



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