São Paulo, Domingo, 24 de Outubro de 1999
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ACIDENTE
Engenheiro diz que guindaste que causou morte de estudante passou por revisão
Construtora nega falta de manutenção

CHICO DE GOIS
da Reportagem Local

A Construtora Romeu Chap Chap descartou a possibilidade de falta de manutenção em guindaste que causou a morte da estudante Milene Modesto, 28, anteontem à noite, na avenida Paulista, região central de São Paulo.
O acidente ocorreu às 23h40 da noite de sexta-feira. Milene, que voltava do trabalho, foi atingida na cabeça e morreu na hora. Pelo menos mais um pedestre feriu-se, mas sem gravidade.
Uma peça do guindaste, um carrinho, soltou-se e caiu de uma altura de cerca de nove andares, de um edifício cuja reforma está sendo feita pela Chap Chap.
Na queda, o carrinho atingiu e rompeu a proteção de madeira utilizada para impedir que objetos atinjam a calçada.
O engenheiro José Carlos Zacarias, responsável pela construtora, disse que o guindaste funcionava havia três meses na obra e passou por revisão antes de entrar em operação. Além disso, segundo ele, os cabos do equipamento foram trocados na semana passada. Ele não soube explicar por que o carrinho se soltou e caiu fora do limite do canteiro de obras.
"O braço do guindaste é projetado para não ultrapassar esse limite." O carrinho, pesando cerca de 40 quilos, despencou de uma altura de 40 metros, segundo Zacarias. A altura total do prédio, de 22 andares, é de 90 metros.
O equipamento é alugado da Grumont Equipamentos de Construção e estava sendo operado por José Neto Cardoso da Silva, 41. Ontem, nenhum diretor da empresa foi localizado para falar sobre o acidente. O operador de máquinas disse à polícia que não percebeu que o carrinho havia se soltado e provocado o acidente. O caso foi registrado no 78º DP.
O engenheiro responsável pela Construtora Chap Chap afirmou que na hora do acidente havia quatro funcionários na obra. "Fazemos este trabalho com o guindaste à noite justamente para evitar possíveis acidentes com pedestres. Só a perícia poderá explicar o que aconteceu."
O pai da estudante, o médico Nelson Pires Modesto, 59, é professor titular de clínica médica e oncologia na PUC de Campinas. Ele foi avisado às 5h de ontem. Modesto afirmou que sua filha ia se encontrar com uma amiga e, juntas, iriam para um bar na Penha, zona leste, onde o marido de Milene, iria se apresentar.
Milene morava em São Paulo desde os 18 anos. Ela deixou Campinas para estudar Administração e Ciências Sociais na USP. Agora, segundo o pai, ela fazia pós-graduação na USP. Ele não disse se processará a construtora.


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