São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 2002

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Mulheres ainda se acidentam mais

DA REPORTAGEM LOCAL

Um detalhe que chamou a atenção dos pesquisadores: as moças que bebiam em excesso e que participaram do programa -42,8% do total- continuaram dirigindo embriagadas e se envolvendo em acidentes quase tanto quanto antes. Enquanto entre os rapazes a porcentagem de "acidentados por álcool" caiu de 14,9% para 6,7%, entre as moças a redução foi de 10,1% para 7,7%. "Esse grupo merece uma atenção especial", diz Florence Kerr-Corrêa, coordenadora do programa da Unesp.
Os resultados ainda não são conclusivos. No item "acidentes de carro", por exemplo, o período de seis meses do programa é comparado com os 12 meses anteriores ao programa.
A tendência -segundo Florence- é que as situações de risco sejam reduzidas à medida que o programa tenha continuidade. Por exemplo, a média de 4,1 doses consumidas pelos alunos a cada vez que bebiam caiu para 3,1. O número de dias que bebiam por semana caiu de 2,4 vezes para 1,5, redução de 37,5%.
O programa também vem mostrando que o "grupo de controle" -aqueles que bebiam em excesso e não passaram pelas intervenções- também reduziu bastante o consumo de bebida. A mudança é atribuída ao clima criado nas festas por aqueles que estavam envolvidos no programa, e pelas informações que passaram a ser divulgadas no campus.
Um número de estudantes saiu do "grupo de risco" para a bebida pelas razões mais diversas, a mudança de turma, o início de um namoro e até a participação em algum culto religioso.
Outro resultado considerado importante foi a percepção de que o estudante tem do seu próprio nível de consumo. Segundo Florence, a primeira grande surpresa dos alunos convidados a participar do programa era a notícia de que faziam parte do grupo de 25,1% dos universitários que mais consumiam bebida alcoólica.
De todo o grupo selecionado, apenas dois referiram expectativas ruins ao beber. Todos os outros relacionavam a bebida às festas, ao encontro com amigo e a momentos agradáveis.
Os motivos que os estavam levando a tentar diminuir o consumo de bebidas se concentraram em alguns aspectos: reduzir os gastos, emagrecer e poder cumprir com suas responsabilidades.
A aplicação do programa na USP poderá sofrer algumas mudanças por conta do perfil dos estudantes, observa André Malbergier, psiquiatra do Grea, Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do HC.
Por exemplo, nos campus do interior, a maioria dos alunos mora em república, longe dos pais, um fator considerado de risco para o uso de álcool e drogas. (AB)


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