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Mulheres ainda se acidentam mais
DA REPORTAGEM LOCAL
Um detalhe que chamou a atenção dos pesquisadores: as moças
que bebiam em excesso e que participaram do programa -42,8%
do total- continuaram dirigindo
embriagadas e se envolvendo em
acidentes quase tanto quanto antes. Enquanto entre os rapazes a
porcentagem de "acidentados por
álcool" caiu de 14,9% para 6,7%,
entre as moças a redução foi de
10,1% para 7,7%. "Esse grupo merece uma atenção especial", diz
Florence Kerr-Corrêa, coordenadora do programa da Unesp.
Os resultados ainda não são
conclusivos. No item "acidentes
de carro", por exemplo, o período
de seis meses do programa é comparado com os 12 meses anteriores ao programa.
A tendência -segundo Florence- é que as situações de risco sejam reduzidas à medida que o
programa tenha continuidade.
Por exemplo, a média de 4,1 doses
consumidas pelos alunos a cada
vez que bebiam caiu para 3,1. O
número de dias que bebiam por
semana caiu de 2,4 vezes para 1,5,
redução de 37,5%.
O programa também vem mostrando que o "grupo de controle"
-aqueles que bebiam em excesso e não passaram pelas intervenções- também reduziu bastante
o consumo de bebida. A mudança
é atribuída ao clima criado nas
festas por aqueles que estavam
envolvidos no programa, e pelas
informações que passaram a ser
divulgadas no campus.
Um número de estudantes saiu
do "grupo de risco" para a bebida
pelas razões mais diversas, a mudança de turma, o início de um
namoro e até a participação em
algum culto religioso.
Outro resultado considerado
importante foi a percepção de que
o estudante tem do seu próprio
nível de consumo. Segundo Florence, a primeira grande surpresa
dos alunos convidados a participar do programa era a notícia de
que faziam parte do grupo de
25,1% dos universitários que mais
consumiam bebida alcoólica.
De todo o grupo selecionado,
apenas dois referiram expectativas ruins ao beber. Todos os outros relacionavam a bebida às festas, ao encontro com amigo e a
momentos agradáveis.
Os motivos que os estavam levando a tentar diminuir o consumo de bebidas se concentraram
em alguns aspectos: reduzir os
gastos, emagrecer e poder cumprir com suas responsabilidades.
A aplicação do programa na
USP poderá sofrer algumas mudanças por conta do perfil dos estudantes, observa André Malbergier, psiquiatra do Grea, Grupo de
Estudos de Álcool e Drogas do
Instituto de Psiquiatria do HC.
Por exemplo, nos campus do interior, a maioria dos alunos mora
em república, longe dos pais, um
fator considerado de risco para o
uso de álcool e drogas.
(AB)
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