UOL


São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Cidade de Cerqueira César tem 15 mil habitantes; tio voltou a dizer que alguém próximo ao jovem está ligado ao crime

Enterro de estudante da USP reúne 3.000 no interior

DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 3.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, compareceram ontem ao enterro do estudante Ângelo Luís Cominelli, 20, no município de Cerqueira César (287 km de São Paulo). A cidade tem 15.144 habitantes, de acordo com o Censo 2000.
Cominelli, aluno do segundo ano de engenharia mecânica da Universidade de São Paulo, foi achado morto na noite de terça-feira, boiando no rio Tietê, próximo à ponte do Limão (zona norte de São Paulo), já em avançado estado de putrefação. O rapaz estava desaparecido desde a última sexta, após participar da "peruada" -festa tradicional dos alunos de direito da USP, realizada no largo de São Francisco (centro).
Na cerimônia, sobre o caixão lacrado, os amigos deixaram camisetas nas quais estavam escritas declarações de amizade, amor e admiração. Durante o sepultamento, trechos de músicas do grupo O Rappa foram cantados.
A pedido do pai de Cominelli, o comerciante Adão José Cominelli, 50, a multidão aplaudiu o estudante. O comerciante, que durante todo o velório esteve sob o efeito de calmantes, pediu que os presentes não chorassem.
Abel Pedro Ribeiro, prefeito da cidade e tio de Cominelli, voltou a dizer ontem acreditar que alguém muito próximo do rapaz esteja ligado à morte. "Estive em contato com pessoas próximas ao Ângelo em São Paulo e colhi informações importantes que podem ajudar a polícia a achar quem o matou. Tenho certeza de que ele foi jogado no rio Tietê já sem vida."
Segundo Ribeiro, seu sobrinho não morreu afogado. "Na autópsia, o legista me disse que o Ângelo morreu por asfixia, mas que não havia água no pulmão. Isso quer dizer que a asfixia foi provocada por alguma coisa que ele ingeriu, pois seu corpo também não apresentava sinais de violência."
A Folha apurou no IML (Instituto Médico Legal) que o corpo não apresentava sinais externos de violência e que, por enquanto, não se pode descartar a hipótese de morte por afogamento, porque o pulmão estava necrosado. Amostras de tecidos foram enviadas para análises de dosagem alcoólica e toxicológica.
Ontem, o delegado Mauro Argachoff, do DHPP (departamento de homicídios), começou a ouvir amigos do estudante, inclusive os que moravam com ele.
Antes de desaparecer, o estudante teria feito um saque num caixa eletrônico de R$ 30. O celular que ele usava desapareceu e a polícia tenta rastrear se o telefone continuou a ser usado. (ANDRÉ CARAMANTE e ALESSANDRO SILVA)


Texto Anterior: Desarmamento: Após alterações, Câmara aprova estatuto
Próximo Texto: Polícia quer saber local onde corpo foi visto
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.