|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INFRA-ESTRUTURA
Segundo pesquisa, 82,8% destas vias são péssimas; para empresário, é difícil parceria com governo para recuperação
Rodovias estatais quase viraram ruínas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase a totalidade das rodovias
sob administração do Estado (federais ou estaduais) está deteriorada. De acordo com pesquisa da
CNT (Confederação Nacional do
Transporte), 82,8% dessas estradas estão péssimas, ruins ou deficientes. "A situação piorou muito
em relação ao ano passado", disse
Clésio Andrade, presidente da
CNT e vice-governador de Minas.
A situação é inversa nas rodovias privatizadas. De acordo com
a pesquisa, 71,7% dos trechos
concedidos à iniciativa privada
foram classificados como bons ou
ótimos. Os dez melhores trechos
são privatizados, e os dez piores,
federais ou estaduais.
O estudo analisou a condição
das vias em 109 trechos, correspondendo a 56.798 quilômetros.
Desses, 47.645 são federais ou estaduais e 9.153 foram privatizados
(concedidos para a iniciativa privada, que cobra pedágio e faz
obras de manutenção).
Neste ano, a CNT separou a
análise das rodovias privatizadas
das geridas por Estados e União.
Em 2002, as rodovias estatais e
privatizadas foram analisadas
juntas. Ontem, a CNT divulgou
novamente dados da pesquisa de
2002, adaptados à metodologia de
2003. Por esse método, no ano
passado havia 59,2% de estradas
ruins, péssimas ou deficientes.
Para o presidente da CNT, a
parceria público-privada, divulgada dias atrás pelo governo como forma de estimular investimentos privados na área de infra-estrutura, não irá solucionar o
problema das rodovias.
Segundo ele, o setor privado poderia se interessar por trechos
que, somados, teriam entre 4.000
e 5.000 quilômetros. O resto teria
de ser feito pelo Estado.
Andrade estimou em R$ 7,5 bilhões os recursos necessários para
recuperar as estradas. Desse total,
R$ 223 milhões seriam usados para os trechos "totalmente destruídos" -que, segundo a pesquisa,
somam 24.630 quilômetros (43%
da malha rodoviária). Recuperar
cada quilômetro destruído custa
aproximadamente R$ 150 mil.
O presidente da CNT voltou a
enfatizar que o governo precisa
direcionar os recursos da Cide
(Contribuição sobre Consumo de
Combustíveis) para as obras de
infra-estrutura nas estradas. Segundo ele, se nada for feito para
aumentar os investimentos, em
aproximadamente cinco anos a
situação das rodovias vai começar
a afetar outros setores da economia e poderá haver risco de desabastecimento de produtos.
Em julho, o Ministério dos
Transportes divulgou que tinha
R$ 1,1 bilhão para investir -dinheiro que também teria de ser
usado em portos, ferrovias e hidrovias- neste ano. No Orçamento para 2004, terá R$ 2,29 bilhões, incluídos os gastos de custeio do ministério.
O Ministério dos Transportes
informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já foram
recuperados 30 mil quilômetros
de rodovias neste ano - 2.000 foram restaurados e 28 mil passaram por obras emergenciais.
Ainda de acordo com a assessoria, a pesquisa da CNT também
analisa rodovias estaduais, o que
contribuiria para baixar a média.
O ministério alega também que
as obras nas rodovias começaram
a partir de junho, julho e agosto.
Portanto, muitas delas não teriam
sido percebidas pelos pesquisadores. Esse seria o caso do trecho
Poços de Caldas (MG)-Lorena
(SP), classificado como o pior da
pesquisa. Segundo o ministério,
esse trecho já foi recuperado.
Texto Anterior: No campo, 29,8% dos adultos são analfabetos, diz estudo do Inep Próximo Texto: Balanças serão reativadas nas vias privatizadas Índice
|