São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Confronto entre PM e sem-teto fere 3 no PR

Reintegração de posse na periferia de Curitiba motivou confusão; entre os feridos está um menino de 8 anos, com queimaduras leves

Para conter polícia, moradores montaram barricadas; comandantes foram afastados pelo governo após operação

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Três pessoas ficaram feridas, entre elas um menino de oito anos, após uma reintegração de posse terminar em confronto entre sem-teto e Polícia Militar ontem de manhã na periferia de Curitiba. Três pessoas foram presas: duas por porte ilegal de arma e uma por desacato.
O garoto teve queimaduras leves no braço após cair em uma fogueira com pneus feita para barrar o avanço da polícia. Uma mulher de 38 anos levou um tiro de bala de borracha na perna e um cinegrafista de 36 anos, de uma produtora, foi atingido por uma bala no rosto. Nenhum corre risco de morte.
À noite, o governo do Paraná divulgou nota anunciando o afastamento do chefe do Comando do Policiamento da Capital, coronel Carlos Alexandre Scheremeta, e do comandante do 13º Batalhão de Polícia Militar, major Flavio Correia. Os dois participaram da ação.
O secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, classificou de "repudiável, injustificável e inadmissível" o fato de um cinegrafista ter sido baleado por um PM e determinou a instauração imediata de inquérito para apurar os abusos cometidos durante a operação.
Para conter o avanço da polícia, os invasores montaram barricadas com pneus e galhos em chamas. Formaram ainda uma barreira de mulheres e crianças no principal acesso à área invadida em 6 de setembro e pertencente à Varuna Empreendimentos Imobiliários.
Os policiais romperam a barreira e forçaram os manifestantes a recuar. Foram, então, alvos de pedradas.
A PM respondeu com tiros de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. A operação durou cerca de uma hora. O comando da PM diz que a reintegração já havia sido adiada, sete dias atrás, em uma tentativa de saída pacífica dos moradores.
Segundo a Polícia Militar, cerca de 1.500 pessoas participaram da invasão, mas ontem havia apenas 600 na propriedade. Em razão do número incerto de moradores, foram mobilizados 1.100 policiais.
À tarde, antes de receber a notícia do afastamento, o coronel Scheremeta considerou o resultado da operação "extremamente positivo". Ele não foi localizado à noite.
"Os direitos humanos foram violados. Os policiais chegaram atirando. Não precisavam", disse Maria das Graças Silva de Souza, coordenadora da União Nacional por Moradia Popular.


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