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Confronto entre PM e sem-teto fere 3 no PR
Reintegração de posse na periferia de Curitiba motivou confusão; entre os feridos está um menino de 8 anos, com queimaduras leves
Para conter polícia, moradores montaram barricadas; comandantes foram afastados pelo governo após operação
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Três pessoas ficaram feridas,
entre elas um menino de oito
anos, após uma reintegração de
posse terminar em confronto
entre sem-teto e Polícia Militar
ontem de manhã na periferia
de Curitiba. Três pessoas foram
presas: duas por porte ilegal de
arma e uma por desacato.
O garoto teve queimaduras
leves no braço após cair em
uma fogueira com pneus feita
para barrar o avanço da polícia.
Uma mulher de 38 anos levou
um tiro de bala de borracha na
perna e um cinegrafista de 36
anos, de uma produtora, foi
atingido por uma bala no rosto.
Nenhum corre risco de morte.
À noite, o governo do Paraná
divulgou nota anunciando o
afastamento do chefe do Comando do Policiamento da Capital, coronel Carlos Alexandre
Scheremeta, e do comandante
do 13º Batalhão de Polícia Militar, major Flavio Correia. Os
dois participaram da ação.
O secretário da Segurança,
Luiz Fernando Delazari, classificou de "repudiável, injustificável e inadmissível" o fato de
um cinegrafista ter sido baleado por um PM e determinou a
instauração imediata de inquérito para apurar os abusos cometidos durante a operação.
Para conter o avanço da polícia, os invasores montaram barricadas com pneus e galhos em
chamas. Formaram ainda uma
barreira de mulheres e crianças
no principal acesso à área invadida em 6 de setembro e pertencente à Varuna Empreendimentos Imobiliários.
Os policiais romperam a barreira e forçaram os manifestantes a recuar. Foram, então, alvos de pedradas.
A PM respondeu com tiros de
balas de borracha e bombas de
gás lacrimogêneo. A operação
durou cerca de uma hora. O comando da PM diz que a reintegração já havia sido adiada, sete
dias atrás, em uma tentativa de
saída pacífica dos moradores.
Segundo a Polícia Militar,
cerca de 1.500 pessoas participaram da invasão, mas ontem
havia apenas 600 na propriedade. Em razão do número incerto de moradores, foram mobilizados 1.100 policiais.
À tarde, antes de receber a
notícia do afastamento, o coronel Scheremeta considerou o
resultado da operação "extremamente positivo". Ele não foi
localizado à noite.
"Os direitos humanos foram
violados. Os policiais chegaram
atirando. Não precisavam", disse Maria das Graças Silva de
Souza, coordenadora da União
Nacional por Moradia Popular.
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