São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Policiais em greve protestam na Assembléia

Segurança do local foi feita apenas por PMs mulheres; também ocorreram protestos em mais 9 cidades

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO

Um dia depois de rejeitar a proposta do governo, policiais civis de São Paulo -em greve desde o dia 16 de setembro- voltaram a protestar ontem na Assembléia Legislativa e em mais nove cidades do Estado.
Não houve registro de incidentes, como ocorreu na quinta-feira da semana passada, quando policiais civis e militares se enfrentaram próximo ao Palácio dos Bandeirantes, deixando cerca de 30 feridos.
Houve atos em Piracicaba, Marília, Bauru, Botucatu, Araçatuba, São José do Rio Preto, Araraquara, Presidente Prudente e Ribeirão Preto.
Na Assembléia, o temor de novos confrontos fez com que os PMs homens que fazem a segurança fossem afastados ontem. Só ficaram as mulheres. Também por precaução, o quartel do Exército, nos fundos da Assembléia, ficou com os portões fechados à tarde.
Cerca de 300 manifestantes foram ao local. Pelo menos três policiais foram vistos portando arma de forma ostensiva do lado de fora da Assembléia. Dentro dela,a reportagem viu apenas policiais desarmados.
Os grevistas tentam pressionar os deputados estaduais a aprovarem mudanças nos projetos enviados pelo governador José Serra (PSDB) com alterações na estrutura da Polícia Civil -como aposentadoria especial e incorporação de parte dos benefícios aos aposentados.
Os policiais já haviam rejeitado a proposta salarial encaminhada pelo governo, que prevê dois reajustes salariais de 6,5%, em janeiro e em 2010. O aumento, segundo o governo, custará R$ 830 milhões em 2009 e R$ 1,2 bilhão em 2010.
Os policiais querem 15% de reajuste imediato, mais duas parcelas anuais de 12% e aumento nas incorporações.
O líder do governo, o tucano Barros Munhoz, e o líder da bancada do PSDB, Samuel Moreira, dizem estar abertos ao diálogo, mas que não podem aceitar uma mudança superior aos R$ 830 milhões definidos pelo governo para o reajuste.
Munhoz também rechaçou a possibilidade de os reajustes e benefícios oferecidos para a Polícia Civil não serem estendidos à PM, como querem os grevistas. "É impraticável. Aí, você põe fogo no Estado."
Policiais ouvidos pela Folha dizem que um dos motivos para a greve ter sido mantida foi a extensão aos PMs dos benefícios conquistados pelos civis. Os militares passaram a ser vistos pelos civis como favoráveis à gestão Serra depois do confronto de quinta-feira.
Após sinalizarem o final da greve, as entidades de policiais classificaram as propostas do governo como uma "afronta".
(ROGÉRIO PAGNAN, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO e LUIS KAWAGUTI)



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