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Novas estações do Metrô "invadem" paisagem urbana
Projetadas para cima da terra, estruturas privilegiam
iluminação natural, conforto e causam impacto visual
Arquitetos criticam
material "inadequado';
Metrô quer chamar a
atenção dos usuários
com estações aparentes
JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO
Hoje, em um dia de sol, é
impossível circular pela av.
Vital Brasil (zona oeste de
São Paulo) e ficar imune ao
brilho cegante de uma enorme estrutura revestida em
aço inox construída ali.
Não fosse o totem indicando que é a estação Butantã,
da linha 4 - Amarela do metrô, o local poderia ser confundido com um centro comercial. Quatro, de seus oito
pavimentos, são aparentes.
Projetadas para serem
marcos na paisagem urbana,
as novas estações das linhas
verde e amarela projetam-se
de forma ostensiva para fora
do subterrâneo e causam forte impacto visual.
Também privilegiam a iluminação natural. As amplas
cúpulas em estrutura metálica e vidro levam, em alguns
casos, a luz do sol até a plataforma de embarque.
"Antes, as salas técnicas e
operacionais ficavam enterradas. Os funcionários reclamavam de insalubridade,
por isso projetamos para fora, com luz e ventilação naturais", afirma o chefe do departamento de projetos do
Metrô, Ilvio Artioli.
Junto a isso, veio a economia. Segundo o Metrô, o consumo de eletricidade já caiu
em 10%, o que deve trazer
um ganho anual de cerca de
R$ 200 mil por estação.
"BANHEIRÃO"
Na rua da Consolação, a
estação Paulista, revestida
com cerâmica azul e grades
alaranjadas na fachada, ergue-se a uma altura de um
edifício de quatro andares.
"Não era para ser tão alta",
diz Artioli. Ele conta que a urgência na entrega da obra fez
necessária a construção do
edifício antes do fim das escavações. Para que os equipamentos circulassem, o pé-direito foi aumentado.
Para o arquiteto Milton
Braga, do escritório MMBB, o
revestimento usado na Paulista deixou a estação com
um aspecto de banheiro.
"Não pode usar cerâmica
como revestimento de uma
estação de metrô. Este é o
problema da obra pública no
Brasil. Tudo é pensado em
termos econômicos, aí se utiliza sempre o material mais
barato", afirma.
Mas as cores e materiais
chamativos não são por acaso, conta o arquiteto Marc
Duve, cujo escritório detalhou as estações Luz, Faria
Lima, Butantã, República,
Sacomã e Chácara Klabin.
"Várias das estações antigas já eram para fora, mas,
como nelas há uma predominância do concreto, "somem"
na paisagem. Agora o Metrô
quer chamar a atenção para
essas estruturas."
Para o arquiteto João Walter Toscano, que projetou a
estação Largo 13 da linha 5
-Lilás, a presença externa
das estações de metrô, além
de incentivar a revitalização,
é adequada à cidade, que carece de espaços públicos.
"É muito diferente de Paris, que tem uma identidade
arquitetônica consolidada.
Lá não se justifica que o metrô interfira no desenho urbano", diz Toscano, que ressalta a falta de harmonia estética nas estações paulistanas.
"A estação Faria Lima eu
achei horrível. Tem três volumes totalmente desintegrados da paisagem e não há nada ali que lembre uma estação de trem. O edifício tem
que mostrar sua funcionalidade. Ou, então, que fique
embaixo da terra."
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