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OPINIÃO ESTAÇÕES DE METRÔ
Sociedade deve exigir desenhos melhores
Para ocultar o concreto, optou-se por combinações que não se comunicam
EMBORA EXIGIR ESTÉTICA POSSA PARECER MESQUINHARIA, A BOA ARQUITETURA TRAZ QUALIDADE
DE VIDA
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FERNANDO SERAPIÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Uma estação de metrô pode e deve ter arquitetura.
Tanto dentro, na qualidade
espacial, quanto fora, na relação que cria com a cidade.
Esse resultado pode ser de
alto nível, como em projetos
no exterior criados por renomados profissionais como
Norman Foster e Álvaro Siza.
E mesmo em São Paulo, o
arquiteto Marcello Fragelli
formou uma geração de competentes técnicos que desenharam as primeiras estações de metrô. Com erros e
acertos, sua obra ainda desperta interesse.
Hoje, o departamento de
arquitetura do Metrô mantém equipe capaz de criar desenhos tecnicamente corretos e esteticamente aceitáveis. E as novas estações paulistanas têm como virtude a
presença da luz natural.
O ponto negativo, contudo, fica evidente na linha 4. O
detalhamento dos projetos,
de responsabilidade do consórcio que a construiu e que
irá operar o trecho, não possuem qualidade arquitetônica equivalente aos demais.
A entrada da estação do
largo da Batata, por exemplo, parece uma guarita desenhada por aluno do primeiro ano da faculdade.
Já as estações Paulista e
Fradique Coutinho são volumetricamente grandes demais e carecem de uso de materiais adequados para diminuir seu impacto visual em
meio ao tecido urbano.
Outro exemplo é a estação
da Luz, cujo interior não tem
sofisticação arquitetônica.
Para ocultar a predominância do concreto, optou-se
por uma combinação de materiais e cores que visualmente não se comunicam.
A concretagem apressada
para a entrega da obra também tornou instalações elétricas projetadas para serem
embutidas em aparentes.
E a aridez da praça de acesso é indigna de um Estado
onde nasceram Burle Marx e
Rosa Kliass.
Devemos ainda assim comemorar as inaugurações.
E embora exigir estética
neste contexto possa parecer
mesquinharia, a boa arquitetura traz qualidade de vida
ao usuário, mesmo que ele
não se dê conta.
Nos consórcios, falta um
mecanismo que garanta a
qualidade dos projetos de arquitetura.
Se o governo não se importa com o assunto, a sociedade deve exigir desenhos melhores. Ou alguém acha que
não merecemos?
FERNANDO SERAPIÃO é crítico de
arquitetura e editor-executivo da revista
"Projeto Design"
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