São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Hospitais de SP ampliam instalações

Instituições como o Albert Einstein, o Sírio-Libanês e o Oswaldo Cruz inauguram unidades em outros bairros

Centros particulares investem para aliviar a superlotação de suas sedes, que já chegaram a recusar clientela

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Um hospital ao lado da sua casa. É com esse mote que os principais hospitais de ponta da cidade de São Paulo estão inaugurando unidades fora de suas sedes.
O primeiro passo foi dado pelo Albert Einstein, com a inauguração de uma unidade em Perdizes, na zona oeste, em agosto. No próximo mês, é a vez de o Sírio-Libanês e o Oswaldo Cruz fazerem o mesmo, abrindo "filiais" no Itaim Bibi (zona oeste) e no Campo Belo (zona sul), respectivamente.
No maior processo de expansão já visto na capital paulista, são mais de 1.400 novos leitos a serem entregues até 2015. São Paulo tem 34.875 vagas hospitalares -21 mil particulares. Os investimentos em novas instalações e equipamentos somam R$ 2,6 bilhões.
A palavra-chave é descentralização. A maioria das instituições investe em unidades fora das sedes para aliviar a superlotação e expandir serviços que não precisam ser realizados nos grandes hospitais, como quimioterapia, exames e pequenas cirurgias.
Já não era sem tempo. Salas de espera lotadas, demora no atendimento e falta de leitos de internação há muito deixaram de ser problemas exclusivos do sistema público de saúde. Nos últimos dois anos, esperar horas pelo atendimento no pronto-socorro de hospitais de ponta virou rotina. Em momentos críticos, algumas instituições chegam a recusar clientela.
No ano passado, por exemplo, o Sírio-Libanês teve de dizer não a pacientes que estavam internados em outros hospitais e que pediam transferência para a instituição. Já o Samaritano estima que, em dias de maior movimento, perca até 25% dos pacientes. Ao ver uma fila de espera longa, muitos procuram outro hospital.
Além de expandir o número de leitos e salas cirúrgicas, os hospitais estão focando em novos nichos, como as unidades "day clinic", onde os pacientes passam por pequenos procedimentos e têm alta no mesmo dia.

PLANOS DE SAÚDE
O envelhecimento da população, aliado ao crescimento econômico do país, explica o aumento da procura pela rede hospitalar paulistana, segundo os especialistas. Em sete anos, a parcela de habitantes com mais de 60 anos cresceu 17% em SP.
Para Henrique Salvador Silva, presidente da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), mais pessoas estão tendo acesso à saúde suplementar e a hospitais de primeira linha.
De 2003 a 2009, cerca de 1 milhão de paulistanos aderiram a planos de saúde. Atualmente, 6,4 milhões de moradores estão inseridos na saúde suplementar, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
"Com o crescimento da economia, as empresas estão oferecendo planos de saúde mais abrangentes aos funcionários e suas famílias. A tendência é que haja um crescimento contínuo da procura por leitos hospitalares de melhor qualidade", diz Silva.

INTERNACIONAL
Ao mesmo tempo em que cuidam da demanda reprimida, os hospitais veem um novo filão: o turismo da saúde. O negócio, que movimenta no mundo todo US$ 60 bilhões por ano, conseguiu reunir os principais hospitais concorrentes em torno da causa de promover a oferta hospitalar paulista fora do Brasil.
O Albert Einstein foi pioneiro, há dez anos. De lá para cá, só viu crescer sua clientela estrangeira, que somou, em 2009, 4.800 pacientes. Os hospitais Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, Samaritano e HCor (Hospital do Coração) seguem a mesma trilha.
Todas essas instituições já receberam certificados internacionais, o que permite que estrangeiros façam procedimentos médicos no Brasil e depois sejam reeembolsados pelos seguros de saúde de seus países.


Colaborou FLÁVIA MANTOVANI


Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: "Scotch" na periferia
Próximo Texto: O que norteia a expansão
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.