São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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PANORÂMICA

FOZ DO IGUAÇU
Presos proíbem que novos detentos entrem em cadeia com superlotação
A Cadeia Pública de Foz do Iguaçu (Paraná), conhecida como Cadeião, foi "interditada" pelos próprios presos. Eles se queixam da superlotação das celas e não aceitam a entrada de novos detentos na unidade.
O Cadeião tem capacidade para abrigar 168 presos. No entanto, comporta atualmente 437.
Como a segurança no local é executada por somente dois policiais civis -na área interna- e três policiais militares -na parte externa-, os presos proíbem que novos detentos tenham acesso às celas e ameaçam se rebelar se essa determinação for contrariada.
Atualmente, seis detentos estão dormindo nos corredores do Cadeião. Emes acabaram sendo recusados como companheiros de cela.
De acordo com Dalmo Costa, um dos funcionários que cuida da administração do Cadeião, cada vez que um detento chega à unidade os carcereiros têm de "negociar" uma vaga para ele com os presos.
"Eles vão de cela em cela, perguntando se podem colocar o novo preso ali", afirma Costa.
"Se é alguém que está doente, aí mesmo é que os caras não o aceitam na cela. E não têm que aceitar mesmo", diz.
Segundo o funcionário do Cadeião, a situação é tão dramática -celas que têm capacidade para quatro pessoas chegam a comportar até 16 detentos- que os policiais que trabalham no local se vêem obrigados a acatar as posições adotadas pelos presos antigos.
"Aqui não tem nem segurança. Só observação mesmo", resume Dalmo Costa.
Ele acredita que nem mesmo a construção de 14 novas celas resolverá o problema. Costa se queixa também da lentidão no processo de remoção de presos já condenados.
"Nos ofereceram dez vagas em outras unidades, mas isso não adianta nada, porque em 15 dias entram 30 presos aqui."
Rebeliões e fugas são constantes no Cadeião de Foz de Iguaçu. Somente este ano, 15 presos escaparam -seis deles foram recapturados. Houve ainda oito tentativas de fuga.
Em novembro do ano passado, um policial foi assassinado em uma rebelião de presos ocorrida no local.
A Secretaria Estadual da Segurança Pública informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está prevista, para o ano que vem, a construção de uma cadeia com 400 vagas em Foz do Iguaçu. (DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA)


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