São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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ENSINO SUPERIOR

A farmacêutica Suely Vilela, 51, defende maior oferta de vagas à noite e fortalecimento da graduação

Alckmin confirma que USP terá sua primeira reitora

VICTOR RAMOS
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), confirmou ontem que a USP terá, pela primeira vez em seus 71 anos, uma mulher no posto de reitor -cargo mais alto da instituição. O lugar será ocupado pela farmacêutica Suely Vilela, 51.
No último dia 8, ela venceu o segundo turno da eleição na principal universidade do país. A escolha, porém, é feita pelo governador, que decide entre os três candidatos mais bem votados. Tradicionalmente, é indicado aquele que encabeça a lista tríplice.
Alckmin disse que optou por Vilela justamente por ela ter vencido a eleição e por causa de seu "excelente currículo". A farmacêutica é a atual responsável pela pós-graduação da universidade.
Cotado para concorrer à Presidência da República, o tucano também destacou o fato de o novo comandante da USP ser uma mulher. "[A escolha] representa o espaço importante da mulher na sociedade moderna", afirmou o tucano, durante a entrega do "Prêmio Mario Covas - Inovações em Gestão Pública".
Vilela, no dia do segundo turno, disse que a vitória de uma mulher na eleição mostrava uma "mudança de paradigma" na USP.
Ontem, a reitora afirmou que um dos desafios de sua gestão será aumentar a presença de estudantes das escolas públicas na universidade. No último vestibular da Fuvest, 20% dos aprovados vieram do sistema público -que representa 85% dos alunos do ensino médio de São Paulo.
Essa inclusão, porém, não ocorrerá por meio de cotas. Segundo a nova reitora, o caminho principal será ajudar o ensino público.
"Nos últimos anos, houve um aumento considerável no número de vagas. Mas não avançamos o suficiente para garantir a diversidade dos nossos alunos", disse a nova reitora. No vestibular deste ano, a instituição oferece 9.952 vagas; há quatro anos, eram 7.811.
A primeira diretriz que consta no programa de Vilela é a "prioridade máxima ao fortalecimento da graduação". O texto diz ainda que será dada ênfase à criação de vagas noturnas, o que é uma política de inclusão social, pois permite que o aluno que precise trabalhar possa estudar na USP.
Vilela também sinaliza que haverá mudanças no processo seletivo. "Buscaremos um vestibular que consiga avaliar não só a informação mas também a competência e as habilidades dos alunos."
A farmacêutica irá tomar posse no próximo sábado. O mandato é de quatro anos. Apesar de não ter apoiado oficialmente nenhum candidato, o atual reitor, Adolpho José Melfi, afirmou que ficou satisfeito quando Vilela venceu o segundo turno, por ela ter um programa parecido com o dele.

Trajetória
Vilela nasceu em Ilicínea, no interior de Minas Gerais. Ela fez toda a sua formação superior na USP de Ribeirão Preto, desde a graduação em farmácia e bioquímica, concluída em 1975, até o pós-doutorado em bioquímica. Em 1996, tornou-se professora titular (posto mais alto da carreira).
Desde 2002, a farmacêutica comanda a pró-reitoria de pós-graduação, indicada pelo atual reitor. Vilela é divorciada e tem um filho.


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