São Paulo, segunda-feira, 24 de dezembro de 2001

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COMBATE À MISÉRIA

Mortalidade infantil em crianças de zero a seis anos atendidas por pastoral na cidade foi erradicada em 2000

Voluntários apóiam projeto em Orlândia

MARINA ROSSINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

A Pastoral da Criança de Orlândia (SP) conseguiu erradicar casos de mortalidade infantil em 2000. Em 1996, a taxa de mortalidade entre as crianças de zero a seis anos atendidas pela pastoral era de 34,3 casos por 1.000 nascidos vivos. Em 2000, nenhuma criança atendida morreu.
No período, o número de crianças menores de seis anos atendidas cresceu 54,26% -de 470 para 725. Hoje, a pastoral atende 544 famílias em nove bairros.
Os trabalhos são feitos por cem voluntários: 60 líderes -responsáveis pela pesagem das crianças e pelo acompanhamento das gestantes-, 15 profissionais especializados -médicos, dentistas e nutricionistas- e 25 pessoas que fazem diversas tarefas no projeto.
Helena Urbinatti, coordenadora da Pastoral da Criança de Orlândia, diz que o projeto deu certo pois é muito difundido na cidade e a multimistura (farelo com cereais, casca de ovo e folha de mandioca, principal recurso no combate à desnutrição) é conhecida pela população. "Temos pessoas que são encaminhadas por médicos das redes pública e particular, que sabem da eficácia do farelo."
O programa vai além da multimistura, entregue gratuitamente, e da pesagem. A pastoral oferece palestra para gestantes, cestas básicas, remédios e cursos de culinária alternativa. "Não fazemos distinção de religião nem de condição social", disse Helena.
O programa, criado em 1990, não tem convênio com nenhuma entidade e se mantém por meio do FAC (Fraterno Auxílio Cristão), órgão ligado à Igreja Católica, que doa alimentos e remédios, e de bazares, eventos beneficentes e rifas. "Temos voluntários que tiram alimentos da própria despensa para ajudar. Isso é que nos faz diferente de outras pastorais."
A dona-de-casa Carmem Lúcia Bachini Esteves, 29, voluntária no projeto há sete anos, começou o trabalho para ajudar a sobrinha, que tinha problemas cardíacos e não conseguia ganhar peso mínimo para passar por uma cirurgia.
Apesar do estado grave, a menina passou a usar o farelo e ganhou peso. Hoje, diz Carmem, a resistência dela impressiona. "Como fui testemunha da recuperação dela, passei a querer ajudar."
Para a secretária Rosimeire Moreira, a contribuição em sua vida foi além do farelo. "Quando fiquei grávida, não desejava a criança, mas fui encaminhada à pastoral e, no curso de gestantes, me ensinaram o quanto ser mãe era bom. O farelo, para mim, é eficaz porque tem o amor como ingrediente."
A menina Franscieli Nascimento, 1, chegou quase sem vida à pastoral, com três meses e 3 kg. Ela quase morreu de desnutrição. Após iniciar o tratamento, encaminhada por uma médica da rede pública, ela chegou a 6,6 kg.



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