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COMBATE À MISÉRIA
Mortalidade infantil em crianças de zero a seis anos atendidas por pastoral na cidade foi erradicada em 2000
Voluntários apóiam projeto em Orlândia
MARINA ROSSINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A Pastoral da Criança de Orlândia (SP) conseguiu erradicar casos de mortalidade infantil em
2000. Em 1996, a taxa de mortalidade entre as crianças de zero a
seis anos atendidas pela pastoral
era de 34,3 casos por 1.000 nascidos vivos. Em 2000, nenhuma
criança atendida morreu.
No período, o número de crianças menores de seis anos atendidas cresceu 54,26% -de 470 para
725. Hoje, a pastoral atende 544
famílias em nove bairros.
Os trabalhos são feitos por cem
voluntários: 60 líderes -responsáveis pela pesagem das crianças e
pelo acompanhamento das gestantes-, 15 profissionais especializados -médicos, dentistas e
nutricionistas- e 25 pessoas que
fazem diversas tarefas no projeto.
Helena Urbinatti, coordenadora da Pastoral da Criança de Orlândia, diz que o projeto deu certo
pois é muito difundido na cidade
e a multimistura (farelo com cereais, casca de ovo e folha de mandioca, principal recurso no combate à desnutrição) é conhecida
pela população. "Temos pessoas
que são encaminhadas por médicos das redes pública e particular,
que sabem da eficácia do farelo."
O programa vai além da multimistura, entregue gratuitamente,
e da pesagem. A pastoral oferece
palestra para gestantes, cestas básicas, remédios e cursos de culinária alternativa. "Não fazemos distinção de religião nem de condição social", disse Helena.
O programa, criado em 1990,
não tem convênio com nenhuma
entidade e se mantém por meio
do FAC (Fraterno Auxílio Cristão), órgão ligado à Igreja Católica, que doa alimentos e remédios,
e de bazares, eventos beneficentes
e rifas. "Temos voluntários que tiram alimentos da própria despensa para ajudar. Isso é que nos
faz diferente de outras pastorais."
A dona-de-casa Carmem Lúcia
Bachini Esteves, 29, voluntária no
projeto há sete anos, começou o
trabalho para ajudar a sobrinha,
que tinha problemas cardíacos e
não conseguia ganhar peso mínimo para passar por uma cirurgia.
Apesar do estado grave, a menina passou a usar o farelo e ganhou
peso. Hoje, diz Carmem, a resistência dela impressiona. "Como
fui testemunha da recuperação
dela, passei a querer ajudar."
Para a secretária Rosimeire Moreira, a contribuição em sua vida
foi além do farelo. "Quando fiquei
grávida, não desejava a criança,
mas fui encaminhada à pastoral e,
no curso de gestantes, me ensinaram o quanto ser mãe era bom. O
farelo, para mim, é eficaz porque
tem o amor como ingrediente."
A menina Franscieli Nascimento, 1, chegou quase sem vida à
pastoral, com três meses e 3 kg.
Ela quase morreu de desnutrição.
Após iniciar o tratamento, encaminhada por uma médica da rede
pública, ela chegou a 6,6 kg.
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