São Paulo, quinta, 24 de dezembro de 1998

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CONTRA
Medo de ser morto para ter órgãos retirados é justificativa para negativa
Não-doadores desconfiam de sistema de captação de órgãos

da Reportagem Local

A reação das pessoas na hora de responder se querem ou não ser doadoras de órgãos ao pedirem a emissão da carteira de identidade é normalmente de hesitação.
"A maioria diz que tem medo, pergunta se pode responder depois ou vai logo falando que não quer", diz Paulo César da Silva, atendente do Poupatempo, na praça Alfredo Issa (região central de SP), que faz a pergunta a pelo menos 25 pessoas, diariamente, que solicitam a emissão do documento.
A justificativa de muitas delas que se decidem por não ser doadoras é a desconfiança em relação ao sistema de captação de órgãos.
"Não quero que meus órgãos sejam comprados por um rico enquanto centenas de pobres aguardam na fila. O dinheiro fala mais alto, não há lei que impeça isso de acontecer", diz a dona-de-casa Eliza Aparecida da Silva, 26. Ela tirou a segunda via de sua carteira de identidade em setembro, após ter perdido a primeira, e preferiu levar no documento a inscrição de não-doadora.
Os argumentos da fotógrafa D.B., 28 (ela não quis revelar seu nome completo), são semelhantes. Ela resolveu não ser doadora porque acredita "no comércio ilegal de órgãos".
Segundo ela, é possível que haja "procedimentos ilegais nos hospitais para incrementar esse comércio."
De acordo com o funcionário do Poupatempo, muitos acham que podem ser mortos dentro de um hospital para ter seus órgãos retirados. (PL)


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