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CONTRA
Medo de ser morto para ter órgãos retirados é justificativa para negativa
Não-doadores desconfiam de sistema de captação de órgãos
da Reportagem Local
A reação das pessoas na hora
de responder se querem ou não
ser doadoras de órgãos ao pedirem a emissão da carteira de
identidade é normalmente de
hesitação.
"A maioria diz que tem medo, pergunta se pode responder
depois ou vai logo falando que
não quer", diz Paulo César da
Silva, atendente do Poupatempo, na praça Alfredo Issa (região
central de SP), que faz a pergunta a pelo menos 25 pessoas, diariamente, que solicitam a emissão do documento.
A justificativa de muitas delas
que se decidem por não ser doadoras é a desconfiança em relação ao sistema de captação de
órgãos.
"Não quero que meus órgãos
sejam comprados por um rico
enquanto centenas de pobres
aguardam na fila. O dinheiro fala mais alto, não há lei que impeça isso de acontecer", diz a
dona-de-casa Eliza Aparecida
da Silva, 26. Ela tirou a segunda
via de sua carteira de identidade
em setembro, após ter perdido a
primeira, e preferiu levar no documento a inscrição de
não-doadora.
Os argumentos da fotógrafa
D.B., 28 (ela não quis revelar seu
nome completo), são semelhantes. Ela resolveu não ser doadora porque acredita "no comércio ilegal de órgãos".
Segundo ela, é possível que
haja "procedimentos ilegais
nos hospitais para incrementar
esse comércio."
De acordo com o funcionário
do Poupatempo, muitos acham
que podem ser mortos dentro
de um hospital para ter seus órgãos retirados.
(PL)
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