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SP 450
Morador da rua 25 de Janeiro vai trabalhar
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos 450 anos de São Paulo, os
principais habitantes da rua batizada com a data do aniversário da
capital paulista -25 de Janeiro-
acompanharão de perto todos os
eventos comemorativos, mas catando latinhas e papelão.
A via localizada no Bom Retiro,
na região central, com vistas para
a estação da Luz, é um reduto da
população moradora de rua. Existe por lá um albergue municipal e
uma cooperativa de reciclagem
para esses habitantes -e, mesmo
assim, vê-se dezenas deles dormindo nas calçadas, rodeados de
entulho, lixo e de suas inseparáveis carroças de trabalho.
É possível percorrer toda a rua
25 de Janeiro em 450 passos -ela
tem de 400 a 450 metros. Numa
esquina, existe a paróquia de São
Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Na outra, a Casa de Oração
do Povo da Rua, aberta em 1997
por d. Paulo Evaristo Arns.
"Essa população também precisa de espiritualidade", afirma
Hedwig Knist, coordenadora da
instituição. Aos domingos, eles
recebem de 80 a 90 moradores de
rua para a missa da tarde. "Mas
no domingo que vem [hoje] vai
estar vazio", prevê Knist, referindo-se aos eventos que os moradores de rua (que já passam de 10 mil
em São Paulo) deverão freqüentar
para juntar latinhas e papelão.
A flanelinha Zoraide Teodoro,
31, nascida no Paraná e que dorme na rua há seis meses, ainda
não pensou se sairá de lá para trabalhar hoje em outra região.
Durante a semana, ela guarda os
carros principalmente de quem se
dirige ao prédio da Eletropaulo
localizado na região, mas enfrenta, numa distância inferior a 450
metros, a concorrência de quatro
estacionamentos -que cobram
R$ 1,99 pela primeira hora.
Reginaldo de Oliveira Souza, 32,
que dorme em albergue há um
mês, diz que não sairá de lá. "Não
me envolvo com festa se não tenho dinheiro para me divertir",
afirma ele, que perdeu seu emprego de ajudante-geral no último
mês.
(ALENCAR IZIDORO)
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