São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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VERÃO

Em São Sebastião e Caraguatatuba, motoristas podem ser multados e ter o veículo apreendido; casas noturnas também são fiscalizadas

Litoral norte combate som alto no carro

LUIZ GUSTAVO ROLLO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DAS REGIONAIS

Aquele motorista inconveniente que insiste em obrigar quem está ao lado na praia a ouvir o som de seu carro no volume máximo pode ser alvo de punição em São Sebastião (214 km de São Paulo) e Caraguatatuba (173 km), no litoral norte.
As prefeituras decidiram apertar a fiscalização, que multa em R$ 300 e até apreende o veículo de quem abusar do som na praia. Em São Sebastião, seis carros foram autuados nesta temporada. Caraguá multou outros 14.
Segundo o diretor da Ditran (Divisão de Trânsito e Transporte Coletivo) de Caraguá, Celso Ratacci, a abordagem dos agentes aos motoristas é amigável. Se o motorista insiste no volume estratosférico, ele é multado.
O reforço na fiscalização também vale para as casas noturnas que, em vez do som das ondas do mar, forçam o turista a escutar, no quarto, o último sucesso das pistas de dança como se estivesse em uma boate. Dormir, só depois que a noitada acaba, lá pelas 7h.
Já em Ubatuba (224 km de SP), um grupo de moradores do Saco da Ribeira e da praia da Enseada obteve uma liminar determinando que o Luna Club, aberto em dezembro no km 250 da Rio-Santos (SP-55), baixe o volume do som sob pena de interdição.

Queixas
Mas a barulheira aperta mesmo é na costa sul de São Sebastião -Maresias, Camburi e Juqueí.
No último dia 17, a fiscalização embargou a arena Jovem Pan-Nova Schin em Maresias, que só reabriu no dia seguinte depois que concordou em parar os shows à meia-noite. A multa, que tem valor mínimo de R$ 500, chegou a R$ 35 mil, em razão de outras infrações.
Quase não há casas que escapem de reclamações, diz Lineu Alvim Coelho, chefe do setor de fiscalização de obras e meio ambiente da Prefeitura de São Sebastião, que controla os decibéis.
Mais controlados, os badalados Sirena (Maresias), Lao (Maresias), Galeão (Camburi) e Banana (praia Preta) também devem ser fiscalizados em razão de queixas.
Difícil é conviver com 60 decibéis no meio da sala de casa, como ocorreu com os moradores de Ubatuba vizinhos do Luna Club, como mostrou o laudo pericial. O limite é de 35 decibéis com as janelas fechadas, segundo o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
A secretária Elisângela de Oliveira Dias, 25, diz que suas filhas Katelin, 11 meses, e Karen, 4, e o marido, João Ferreira de Souza, 27, não dormem direito de quinta a domingo, quando a boate abre.
"O barulho vai até as 9h. Meu marido trabalha às 8h e não pega no sono. Minhas filhas só conseguem dormir de manhã, quando acaba o som", diz.
Autor de um livro recheado de casos como esse, o advogado Waldir de Arruda Miranda Carneiro, diz que esse tipo de desrespeito é muito comum. "As pessoas não sabem desse direito. Acham que estão no litoral e são obrigados a tolerar algazarras e barulho", diz.

Outro lado
A Folha procurou um dos sócios do Luna Club, identificado como Pedro, durante toda a semana passada pelo celular, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
"A empresa tem toda a documentação exigida pela prefeitura, alvará do Corpo de Bombeiros, da Vigilância Sanitária, apresentou um projeto acústico, um laudo de emissão de ruídos e um laudo de isolamento acústico", disse Lucilene Maria Pereira Tavares, chefe da seção de tributos imobiliários da Prefeitura de Ubatuba, órgão responsável pela concessão do alvará de funcionamento.
Segundo ela, a denúncia dos moradores foi recebida e encaminhada ao departamento jurídico, que deve pedir um laudo de emissão de ruído à Cetesb (agência ambiental paulista).
"Enviamos a denúncia ao departamento jurídico para que ele encaminhe ofício à Cetesb para uma medição do ruído. Caso a Cetesb aponte que houve erro ou alteração no laudo apresentado, nós podemos pedir a interdição do estabelecimento."


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