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VERÃO
Em São Sebastião e Caraguatatuba, motoristas podem ser multados e ter o veículo apreendido; casas noturnas também são fiscalizadas
Litoral norte combate som alto no carro
LUIZ GUSTAVO ROLLO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DAS REGIONAIS
Aquele motorista inconveniente que insiste em obrigar quem está ao lado na praia a ouvir o som
de seu carro no volume máximo
pode ser alvo de punição em São
Sebastião (214 km de São Paulo) e
Caraguatatuba (173 km), no litoral norte.
As prefeituras decidiram apertar a fiscalização, que multa em
R$ 300 e até apreende o veículo de
quem abusar do som na praia. Em
São Sebastião, seis carros foram
autuados nesta temporada. Caraguá multou outros 14.
Segundo o diretor da Ditran
(Divisão de Trânsito e Transporte
Coletivo) de Caraguá, Celso Ratacci, a abordagem dos agentes
aos motoristas é amigável. Se o
motorista insiste no volume estratosférico, ele é multado.
O reforço na fiscalização também vale para as casas noturnas
que, em vez do som das ondas do
mar, forçam o turista a escutar, no
quarto, o último sucesso das pistas de dança como se estivesse em
uma boate. Dormir, só depois que
a noitada acaba, lá pelas 7h.
Já em Ubatuba (224 km de SP),
um grupo de moradores do Saco
da Ribeira e da praia da Enseada
obteve uma liminar determinando que o Luna Club, aberto em
dezembro no km 250 da Rio-Santos (SP-55), baixe o volume do
som sob pena de interdição.
Queixas
Mas a barulheira aperta mesmo
é na costa sul de São Sebastião
-Maresias, Camburi e Juqueí.
No último dia 17, a fiscalização
embargou a arena Jovem Pan-Nova Schin em Maresias, que só
reabriu no dia seguinte depois
que concordou em parar os
shows à meia-noite. A multa, que
tem valor mínimo de R$ 500, chegou a R$ 35 mil, em razão de outras infrações.
Quase não há casas que escapem de reclamações, diz Lineu
Alvim Coelho, chefe do setor de
fiscalização de obras e meio ambiente da Prefeitura de São Sebastião, que controla os decibéis.
Mais controlados, os badalados
Sirena (Maresias), Lao (Maresias), Galeão (Camburi) e Banana
(praia Preta) também devem ser
fiscalizados em razão de queixas.
Difícil é conviver com 60 decibéis no meio da sala de casa, como
ocorreu com os moradores de
Ubatuba vizinhos do Luna Club,
como mostrou o laudo pericial. O
limite é de 35 decibéis com as janelas fechadas, segundo o Conama (Conselho Nacional do Meio
Ambiente).
A secretária Elisângela de Oliveira Dias, 25, diz que suas filhas
Katelin, 11 meses, e Karen, 4, e o
marido, João Ferreira de Souza,
27, não dormem direito de quinta
a domingo, quando a boate abre.
"O barulho vai até as 9h. Meu
marido trabalha às 8h e não pega
no sono. Minhas filhas só conseguem dormir de manhã, quando
acaba o som", diz.
Autor de um livro recheado de
casos como esse, o advogado
Waldir de Arruda Miranda Carneiro, diz que esse tipo de desrespeito é muito comum. "As pessoas não sabem desse direito.
Acham que estão no litoral e são
obrigados a tolerar algazarras e
barulho", diz.
Outro lado
A Folha procurou um dos sócios do Luna Club, identificado
como Pedro, durante toda a semana passada pelo celular, mas
não obteve resposta até o fechamento desta edição.
"A empresa tem toda a documentação exigida pela prefeitura,
alvará do Corpo de Bombeiros, da
Vigilância Sanitária, apresentou
um projeto acústico, um laudo de
emissão de ruídos e um laudo de
isolamento acústico", disse Lucilene Maria Pereira Tavares, chefe
da seção de tributos imobiliários
da Prefeitura de Ubatuba, órgão
responsável pela concessão do alvará de funcionamento.
Segundo ela, a denúncia dos
moradores foi recebida e encaminhada ao departamento jurídico,
que deve pedir um laudo de emissão de ruído à Cetesb (agência
ambiental paulista).
"Enviamos a denúncia ao departamento jurídico para que ele
encaminhe ofício à Cetesb para
uma medição do ruído. Caso a
Cetesb aponte que houve erro ou
alteração no laudo apresentado,
nós podemos pedir a interdição
do estabelecimento."
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