São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000


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ESTRADAS
Ex-secretário Plínio Assmann diz que custo teve como base tarifa cobrada na rodovia Bandeirantes
Valor de pedágio não passou por estudo

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

Responsável pelo início do processo de concessão das rodovias paulistas, o ex-secretário de Transportes Plínio Assmann afirmou ontem que o governo estadual não fez nenhum estudo técnico para determinar o valor do pedágio cobrado nas estradas que foram repassadas para a iniciativa privada.
Assmann, que depôs ontem na CPI dos Pedágios da Assembléia Legislativa, disse que o governo optou por adotar como padrão o mesmo cálculo usado na cobrança dos pedágios da rodovia dos Bandeirantes em 95, de R$ 0,04 por quilômetro.
Segundo ele, esse padrão tarifário foi adotado porque a rodovia era considerada a "melhor e maior" rodovia do Estado.
A lei 7.835/92, que regulamentou a concessão das rodovias, prevê que o cálculo da tarifa dos pedágios deve ser feito a partir de uma planilha de custos.
O presidente da CPI dos Pedágios, deputado Geraldo Vinholi (PDT), afirmou que a decisão do governo foi "arbitrária".
Para o deputado estadual Carlos Zarattini (PT), a decisão também é ilegal porque contraria a lei estadual que regulamenta o regime de concessões. "Essa foi uma decisão política e arbitrária. Não foi uma decisão técnica, baseada nos custos reais das rodovias", disse Zarattini. "Pegaram um valor e jogaram para todas as estradas."

Qualidade
Segundo Assmann, a decisão de adotar o padrão Bandeirantes foi tomada pelo Programa Estadual de Desestatização (PED).
O objetivo, disse, era adotar o mesmo parâmetro (R$ 0,04 por quilômetro) em todas as rodovias, evitando que as de menor movimento fossem prejudicadas.
O engenheiro Luiz Carlos Bergamasco, que integra a Comissão de Concessões das Rodovias de São Paulo, disse ontem que o custo da rodovia dos Bandeirantes também nunca foi calculado por meio de um estudos técnicos nem planilhas de custos do sistema.
O programa de concessão resultou em um aumento real de 91% no custo real das tarifas de pedágio no Estado desde que foi implantado, em março de 98.
Antes da privatização, a soma de todas as tarifas cobradas nas 23 praças de pedágio existentes nas estradas que passaram para a iniciativa privada era de R$ 84 (ou R$ 102,49, em valores atuais corrigidos pelo IGP-M).
Atualmente, o número de pedágios praticamente triplicou: agora são 73 pontos de cobrança, num custo total de R$ 195,80.
Vinholi afirmou que a CPI poderá solicitar um estudo para determinar o verdadeiro valor que deveria ser cobrado pelos pedágios.


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