São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

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34% foram internados por tráfico em Ribeirão

KATIUCIA MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

O tráfico de drogas foi o principal crime a levar os adolescentes da região de Ribeirão Preto (314 km da capital) à Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) em 2003, sendo responsável por 33,8% das internações, segundo dados da fundação.
Trata-se de uma situação diversa da verificada no Estado, que teve nos roubos qualificados -assaltos- o principal motivo para internações no ano passado (54% do total). O tráfico de drogas aparece em segundo lugar, com apenas 10% das ocorrências.
Na região -que inclui três unidades de Ribeirão Preto e uma de Sertãozinho-, o roubo qualificado vem em segundo lugar (29,3%). Entre 2001 e 2003, houve um aumento de 87,8% nas internações de adolescentes, passando de 181 casos para 340. No mesmo período, no Estado, o total de internações cresceu 58,4%.
O aumento das internações fez com que a Febem construísse em 2002 duas novas UIs (Unidades de Internação) na região -a Sertãozinho, com 72 lugares, e a Rio Pardo (em Ribeirão), com 112 vagas. Além disso, o Estado inaugura no próximo dia 28 o novo prédio da UI Ribeirão, que irá aumentar a capacidade da unidade de 120 para 150 lugares.
Para o promotor da Infância e da Juventude de Ribeirão Marcelo Pedroso Goulart, 46, a falta de alternativas e de boa educação para os jovens de classe média baixa é um dos motivos que levam os jovens ao tráfico.
Segundo ele, o menor é atraído por esse tipo de crime porque o comércio de entorpecentes oferece boa remuneração e armamentos. "O adolescente se sente importante. Sua auto-estima se eleva quando ele tem reconhecimento dos companheiros e é temido pela sociedade que o despreza", disse.
Na opinião do delegado da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Ribeirão, Cláudio Otoboni, 45, os adolescentes têm consciência de que podem ficar internados na Febem no máximo por três anos. "O roubo é mais difícil e mais arriscado de ser praticado. Já a droga é mais fácil de ser comercializada", afirma.


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