São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006

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Bono elogia Ivete e critica políticos

Antonio Queiroz/"Correio da Bahia"
 O vocalista do grupo irlandês U2, Bono, em visita a Salvador


AFRA BALAZINA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA

Em seu terceiro dia no Carnaval da Bahia, o cantor Bono, do grupo irlandês U2, elogiou ontem Ivete Sangalo e evitou falar sobre a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o músico, os políticos brasileiros têm feito, historicamente, um trabalho ruim e seria necessária uma combinação de forças entre a esquerda e a direita para solucionar os problemas e melhorar a situação das pessoas carentes.
Bono falou ontem com a Folha no jardim da casa onde está hospedado, no litoral norte de Salvador, após dar uma entrevista coletiva e autógrafos para fãs. Ele está na cidade a convite do ministro da Cultura, Gilberto Gil. Antes da entrevista exclusiva, disse a jornalistas que tem vontade de voltar todos os anos para Salvador e descreveu o Carnaval como uma "concentração de alegria". "Parecia que Deus estava sorrindo."
O líder do U2 afirmou que irá aconselhar as pessoas na Irlanda, na Inglaterra e em Nova York a passarem o Carnaval na capital baiana. Um único defeito foi apontado por Bono: a cidade é muito quente.

Folha - Você é conhecido pela defesa de pessoas e países pobres. Como avalia a situação do Brasil?
Bono - [O Brasil] É um país rico, fértil e magnífico. Vemos o céu ensolarado, e as nuvens negras sempre parecem seguir os pobres por todo lado. Eu acho que os políticos deveriam fazer um melhor trabalho com o clima [risos].

Folha - Em sua opinião, seria positivo para o país a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Bono - Quando eu era mais jovem, tinha um forte ponto de vista político. Mas, agora, eu trabalho para os pobres, guardo minhas posições políticas só para mim. Então, eu não apóio publicamente nenhum partido político, de direita ou esquerda. Mas eu digo o seguinte: será necessária uma combinação entre direita e esquerda para resolver os problemas no Brasil. Precisamos de mais habilidades nos negócios, mais empreendedorismo e sensibilidade para as necessidades das pessoas.

Folha - Você está estressado com tamanho assédio dos fãs e da imprensa no Brasil?
Bono - Às vezes pode ser estressante. Mas, ontem [anteontem], dissemos para todos que estavam aqui que, se fossem embora, nós falaríamos com eles hoje [ontem]. E eles literalmente mantiveram a palavra. Eu subi e pensei: "Não seja ridículo, eles vão voltar". Mas eles foram ótimos. Isso foi muito impressionante. São pessoas honestas, cumpriram nosso trato.

Folha - Como foi cantar com Ivete Sangalo para milhares de pessoas ontem [anteontem]?
Bono - Ivete é uma das minhas cantoras preferidas agora, e eu só a descobri nesta semana. Eu penso que ela é uma grande estrela e deveria ser uma grande estrela no mundo todo. Ela tem uma combinação interessante entre carisma e QI. Essa é uma grande combinação: corpo, mente e alma. Quando temos esses três juntos, com ritmo, essa é Ivete.

Quais são os próximos planos de vocês no Brasil?
Bono - Esse é só o começo de algumas explorações [no país]. Essa é apenas uma visita pequena. Eu acho que temos que voltar, quando ninguém souber que estamos aqui, para passear.


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