São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006

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CRIME

Homens armados invadiram espaço em Santa Teresa, no Rio, e renderam seguranças; grupo ainda levou câmeras de turistas

Dalí, Picasso e Monet são roubados de museu

DA SUCURSAL DO RIO

Telas de Salvador Dalí, Pablo Picasso, Claude Monet e Henri Matisse foram roubadas ontem do museu da Chácara do Céu, em Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro.
Quatro homens armados com metralhadoras invadiram por volta das 16h o museu, obrigaram dois seguranças a desligar o circuito interno de TV, prenderam cinco turistas em uma sala e levaram as quatro pinturas.
Os bandidos ameaçaram usar uma granada e roubaram as máquinas fotográficas de duas estudantes australianas e um casal neozelandês. Um deles ainda agrediu a coronhadas um dos cinco vigias do museu.
Foram roubadas as obras "Os Dois Balcões" (1929), de Dalí, "A Dança" (1956), de Picasso, "Marine" (1880-1890), de Monet, e "Jardim de Luxemburgo" (1903), de Matisse. Os bandidos também quebraram uma vitrine para levar uma edição de "Toros", livro de gravuras de Picasso.

Quadros raros
"Essas obras estão entre as mais valiosas do acervo. O Dalí é o único em coleção pública da América Latina. O Picasso é o único da coleção Castro Maya. Os dois estavam na biblioteca da casa, assim como a edição de "Toros". Quem roubou sabia bem o que estava fazendo", afirmou a diretora do museu, Vera de Alencar.
Até a conclusão desta edição, ainda não havia sido divulgado o valor aproximado das obras roubadas pela quadrilha.
O roubo aconteceu uma hora antes de a Chácara do Céu fechar para o feriado do Carnaval e em um dia em que o bairro de Santa Teresa, onde fica o museu, estava com o trânsito parado por causa do bloco dos Carmelitas, um dos mais famosos do Rio e que leva cerca de 10 mil pessoas às ruas.
Os bandidos aproveitaram a confusão para fugir. "Eu tinha dito para os funcionários saírem mais cedo, porque é um dia maluco no bairro. Eu mesma não estava lá. É claro que os bandidos aproveitaram esse dia", disse Vera de Alencar.
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, foi informado do roubo em Salvador e ligou para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que acionou a Polícia Federal. A Delegacia de Patrimônio Histórico e Meio Ambiente cuidará das investigações. Os postos da PF nos aeroportos foram avisados.

Quadrilha internacional
O principal temor é que o roubo tenha sido praticado por uma quadrilha internacional, interessada em vender telas no exterior.
"Queremos fazer uma divulgação ampla, porque quando isso acontece, as obras roubadas acabam aparecendo", disse o diretor de museus do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), José Nascimento Jr.
Para Nascimento Jr., porém, não houve falha na segurança do museu. "Contra granadas e metralhadoras não há circuito interno ou sistema de segurança", disse. Segundo Vera de Alencar, desde a década de 80 não havia roubos na casa. Ela trabalha no museu há 15 anos, sendo dez como diretora. As telas roubadas pertenceram ao empresário e mecenas Raimundo de Castro Maya (1894-1968), cuja coleção passou há 23 anos para o governo federal. Ele vivia na mansão onde fica o museu.


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