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CRIME
Homens armados invadiram espaço em Santa Teresa, no Rio, e renderam seguranças; grupo ainda levou câmeras de turistas
Dalí, Picasso e Monet são roubados de museu
DA SUCURSAL DO RIO
Telas de Salvador Dalí, Pablo
Picasso, Claude Monet e Henri
Matisse foram roubadas ontem
do museu da Chácara do Céu, em
Santa Teresa, região central do
Rio de Janeiro.
Quatro homens armados com
metralhadoras invadiram por
volta das 16h o museu, obrigaram
dois seguranças a desligar o circuito interno de TV, prenderam
cinco turistas em uma sala e levaram as quatro pinturas.
Os bandidos ameaçaram usar
uma granada e roubaram as máquinas fotográficas de duas estudantes australianas e um casal
neozelandês. Um deles ainda
agrediu a coronhadas um dos cinco vigias do museu.
Foram roubadas as obras "Os
Dois Balcões" (1929), de Dalí, "A
Dança" (1956), de Picasso, "Marine" (1880-1890), de Monet, e "Jardim de Luxemburgo" (1903), de
Matisse. Os bandidos também
quebraram uma vitrine para levar
uma edição de "Toros", livro de
gravuras de Picasso.
Quadros raros
"Essas obras estão entre as mais
valiosas do acervo. O Dalí é o único em coleção pública da América
Latina. O Picasso é o único da coleção Castro Maya. Os dois estavam na biblioteca da casa, assim
como a edição de "Toros". Quem
roubou sabia bem o que estava fazendo", afirmou a diretora do
museu, Vera de Alencar.
Até a conclusão desta edição,
ainda não havia sido divulgado o
valor aproximado das obras roubadas pela quadrilha.
O roubo aconteceu uma hora
antes de a Chácara do Céu fechar
para o feriado do Carnaval e em
um dia em que o bairro de Santa
Teresa, onde fica o museu, estava
com o trânsito parado por causa
do bloco dos Carmelitas, um dos
mais famosos do Rio e que leva
cerca de 10 mil pessoas às ruas.
Os bandidos aproveitaram a
confusão para fugir. "Eu tinha dito para os funcionários saírem
mais cedo, porque é um dia maluco no bairro. Eu mesma não estava lá. É claro que os bandidos
aproveitaram esse dia", disse Vera de Alencar.
O ministro da Cultura, Gilberto
Gil, foi informado do roubo em
Salvador e ligou para o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que acionou a Polícia Federal.
A Delegacia de Patrimônio Histórico e Meio Ambiente cuidará das
investigações. Os postos da PF
nos aeroportos foram avisados.
Quadrilha internacional
O principal temor é que o roubo
tenha sido praticado por uma
quadrilha internacional, interessada em vender telas no exterior.
"Queremos fazer uma divulgação ampla, porque quando isso
acontece, as obras roubadas acabam aparecendo", disse o diretor
de museus do Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional), José Nascimento Jr.
Para Nascimento Jr., porém,
não houve falha na segurança do
museu. "Contra granadas e metralhadoras não há circuito interno ou sistema de segurança", disse. Segundo Vera de Alencar, desde a década de 80 não havia roubos na casa. Ela trabalha no museu há 15 anos, sendo dez como
diretora. As telas roubadas pertenceram ao empresário e mecenas Raimundo de Castro Maya
(1894-1968), cuja coleção passou
há 23 anos para o governo federal.
Ele vivia na mansão onde fica o
museu.
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