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Após passar 116 trotes à PM, mulher de 26 anos é presa
DA REPORTAGEM LOCAL
Os trotes não são exclusividade do Samu. Outros números
gratuitos de emergência, como
190 (PM) e o 193 (Bombeiros)
também recebem muitas ligações falsas, mas não há um levantamento nacional consolidado sobre as ocorrências.
Assim como os trotes do Samu, os recebidos por outros
serviços também são feitos, na
maioria das vezes, por crianças,
nos horários de entrada e saída
da escola por meio de orelhões.
Mas há também casos de ligações falsas feitas de linhas residenciais, o que facilita a identificação do autor do trote.
No ano passado, a PM de Brasília conseguiu identificar e punir dois trotistas: uma mulher
de 26 anos e um garoto de 11
anos. A mulher passou 116 trotes para o serviço 190 em um
período de cinco horas.
Ficou dois dias presa e foi
solta depois que a Defensoria
Pública conseguiu o relaxamento da prisão com base na
falta de antecedentes criminais
e na alegação da família de que
ela estava deprimida.
Em novembro, um menino
de 11 anos, morador na Asa Sul
de Brasília, foi parar na delegacia também por passar trote
para o número 190 da PM. O garoto disse à polícia que um homem estaria assaltando os moradores de um apartamento no
bloco onde mora.
Quando chegou ao local, a
polícia constatou que se tratava
de um trote e rastreou o número do telefone. Identificado, o
garoto foi levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente
(DCA) e depois, liberado.
O promotor público de Justiça Diaulas Ribeiro diz que, no
caso das crianças trotistas, os
pais devem ser responsabilizados. "Se não sabem o que os filhos estão fazendo, vão ficar sabendo por intimação do Ministério Público. Aí não vão ter
desculpa." Ele também defende a suspensão das linhas telefônicas. "Se for celular, corta o
número. Há mecanismos para
suspender o mau uso dos telefones, que é um serviço público.
Uma forma de mau uso é expor
a saúde das pessoas a riscos."
Ribeiro sustenta que até os
orelhões usados para trotes deveriam ser desligados para que
a sociedade se envolva com o
problema. "No momento que
isso acontecesse, a comunidade
iria começar a cuidar dele."
O coordenador do Samu de
Brasília, Rodrigo Caseli, prefere o caminho da educação. "É
um desperdício de tempo e
energia. Se nem bêbado que
mata uma família inteira no
trânsito vai para cadeia neste
país, o que dirá o cara que aplica
trote?", questiona.
(CC)
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