São Paulo, quarta, 25 de fevereiro de 1998

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Márcio Canuto encarna Exú na Sapucaí

FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Editor do TV Folha

Carnaval na TV é um samba do crioulo doido. Quem liga na Globo e dá de cara com Thalia, a estrela das novelas mexicanas do SBT, não entende nada. O mesmo acontece com quem vê a ex-sem-terra Débora Rodrigues -de fantasia- e Luiza Ambiel -em sua banheira- na tela da emissora dos Marinho.
Por sorte, a transmissão não mostrou o grotesco Ratinho no desfile da Mangueira, e Ana Maria Braga não saiu fantasiada de Evita na Unidos da Tijuca.
Mas, se escapamos dessas cenas grotescas, outras não menos indigestas foram ao ar.
Maurício Kubrusly parecia um adolescente priápico solto no meio das passistas.
O pior, no entanto, nas categorias luxo e originalidade, ficou por conta de Márcio Canuto. Misto de Exu, Maguila e Otávio Mesquita, essa "entidade" protagonizou as imagens mais constrangedoras do Carnaval na TV. Será que alguém aguenta a apelação e as armações que ele apronta, fantasiando-as de reportagem?
Já propuseram o nome de Pedro Cardoso para substituir Lillian Witte Fibe no "Jornal Nacional", mas, já que isso é impossível, bem que a Globo podia colocá-lo para trabalhar no Carnaval e tornar os intervalos menos massantes.
Se ele repetisse a performance que vem apresentando nos intervalos dos jogos da seleção, a emissora marcaria um golaço com sua escalação.
Neste ano fez falta a inteligência e a irreverência dos cassetas e seu camarote, sucesso em carnavais passados.
A propósito, foi exatamente no camarote Globeleza que ficou evidente uma nova "tendência" deste Carnaval: a "rédea curta".
Luma de OIiveira, vestindo uma coleira com o nome de seu marido, disse que não faz mais novelas porque seu marido não deixa. Carla Perez deu uma entrevista a Renata Ceribelli e, ao revelar intimidades do seu namoro com Alexandre (da banda de pagode Só Pra Contrariar), ouviu do companheiro um sonoro "Que que foi que você falou, mulé?".
Por fim, uma das coisas mais impressionantes desse Carnaval foi o desprezo da Rede Globo pelo telespectador paulista. Os defensores da emissora dizem que a Globo é o que é porque não altera a programação por nada -e por isso todo mundo conhece de cor a grade. É verdade, mas não há explicação razoável que convença a audiência de que o filme "Loucademia de Polícia 6" tinha de ser exibido enquanto a Mangueira desfilava na Marquês de Sapucaí!!!



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