São Paulo, sábado, 25 de março de 2000


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CRIME
Estudo revela que Colômbia, com 3.000 casos, e Brasil, com 1.100, são os que mais registraram ocorrências em 98
Brasil é o 2º país em risco de sequestro

das agências internacionais

Colômbia e Brasil são os países mais perigosos do mundo em matéria de sequestros, seguidos de longe pelas Filipinas, segundo dados expostos em um colóquio do Centro Internacional de Ciências Criminais e Penais (CISCP), em Paris.
A Colômbia é o país onde mais se registraram sequestros. Em 1998, 3.000 pessoas foram vítimas. A seguir vem o Brasil, com 1.100 sequestros, Filipinas (425), Rússia (237) e, bem mais longe, Estados Unidos (39), Itália (36), Venezuela (24), Iêmen (14) e China (9), de acordo com as estatísticas de Stéphane Dana, ex-diretor da filial francesa de Pinkerton, empresa de segurança.
As vítimas são, em sua maioria, cidadãos dos países onde se produzem os casos, mas várias centenas de estrangeiros- empresários, diplomatas, missionários ou turistas- são sequestrados a cada ano.
Estas cifras são, no entanto, subavaliadas porque somente de 10 a 40% dos sequestros são registrados, segundo especialistas.
Além disso, os países implicados temem divulgar dados, desmotivando os investidores estrangeiros e os turistas.
"A estimativa mais realista é de 20.000 a 30.000 sequestros por ano no mundo", afirmou Dana.
Estes sequestros, acompanhados de pedidos de resgate, são mais violentos do que os que ocorriam antigamente.
Os sequestradores estão atualmente mais motivados pela tentação do dinheiro do que por reivindicações políticas já que, por exemplo, "as gangues que querem se lançar no tráfico de droga têm necessidade de capitais iniciais e os sequestros lhes proporcionam isso", explicou Dana.
Para ele, a globalização, a implantação de empresas no estrangeiro, a busca de novos mercados e de custos mais baixos de fabricação também tem aumentado os riscos de sequestros. "É comum homens de negócios andarem em aldeias pobres, tornando cotidiano o risco do sequestro", disse.
"As gangues são mais profissionais, mas também mais perigosas", explicou Dana. "Elas utilizam a violência para forçar a família ou a empresa a pagar", como, por exemplo, a gangue dos "cortadores de orelhas", a qual tem se atribuído centenas de sequestros no México. Ele também constatou que como as pessoas mais ricas se protegem, os sequestradores atacam pessoas menos importantes, conformando-se com resgates menores.
Segundo as estatísticas de Dana, referentes a 1998, 58% dos sequestros terminaram com pagamento de resgate, 20% das vítimas foram liberadas pela polícia, 14% foram executadas, 4% foram libertadas sem haverem pago o resgate e 3% fugiram.


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