São Paulo, sábado, 25 de março de 2000


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Traficante depõe por telefone

da Sucursal de Brasília

Em depoimento telefônico, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, afirmou ontem que só dará mais informações sobre o esquema do tráfico de drogas e o envolvimento de policiais com o crime organizado se a Polícia Federal e a CPI do Narcotráfico garantirem proteção a seus familiares.
O depoimento foi prestado a delegados e agentes da PF num esquema montado na CPI do Narcotráfico, com a presença da deputada Laura Carneiro (PFL-RJ), sub-relatora do Rio de Janeiro. Beira-Mar falou por cerca de 30 minutos com os policiais e prometeu novos contatos na próxima semana.

Negociação
O depoimento telefônico de Beira-Mar começou a ser negociado com a CPI do Narcotráfico anteontem à tarde. Por volta de 15h30, um emissário do traficante telefonou para a deputada e disse que ele ligaria para a CPI às 16h.
No horário combinado, Beira-Mar falou com um policial federal que assessora a CPI e marcou novo contato para ontem de manhã. Nenhum integrante da CPI falou com o traficante porque a decisão é só ouvi-lo pessoalmente.
Ontem de manhã, ele voltou a telefonar para a CPI, depois de ter dado entrevista à rádio CBN. À tarde, o traficante ligou novamente. Por volta de 18h, ele prestou depoimento por telefone à PF.
O depoimento foi gravado, e a fita está em poder da Polícia Federal. "O depoimento não acrescentou nada. Acho que muitas coisas que ele disse não são verdadeiras. Por isso, a CPI vai continuar investigando", afirmou a deputada Laura Carneiro.

Revanche
Para Carneiro, Beira-Mar quer "explodir" o trabalho da CPI e do Ministério Público porque pessoas da sua quadrilha estão sendo presas.
A deputada, que acompanhou o depoimento, mas não fez perguntas, disse que o traficante não aceitou se entregar, embora os policiais tenham insistido, inclusive com promessas de garantia da sua integridade física.
Na próxima semana, os deputados irão ao Rio para investigar o esquema de Beira-Mar e suas ligações com policiais.
No depoimento à CPI, ele negou que tenha envolvimento com o policial civil José Luiz Magalhães, mas acusou outros três policiais.
Ao pedir proteção à sua família, Beira-Mar disse que suas irmãs não têm ligações com suas atividades criminosas.
Ele também defendeu a delegada Maria Rodrigues Vasconcelos, que trabalha em João Pessoa (PB), que teria fornecido informações sigilosas ao traficante e protegido suas irmãs. (LUIZA DAMÉ)



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