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SERRA DO MAR
Estado ainda não demarcou limites da reserva, que tem apenas 1 vigia para cada 1.500 hectares
Sem fiscais, parque está ameaçado
ELIANE MENDONÇA
DA FOLHA VALE
A falta de fiscalização e o desinteresse do Estado em demarcar os
limites tornaram o Parque Estadual da Serra do Mar, uma das
maiores áreas de mata atlântica
do país, em presa fácil de invasores, palmiteiros ilegais, caçadores
e extratores de plantas.
A série de problemas é admitida
pelos próprios diretores de núcleos do parque, que cobre 310 mil
hectares ao lado da região mais
desenvolvida do país.
Desde 1990, a Polícia Florestal
realizou 40 apreensões de palmito
somente no Núcleo Santa Virgínia, em São Luís do Paraitinga. A
retirada ilegal destruiu 9.474 palmiteiros, espécie essencial para a
manutenção da fauna. Sem ela, a
população de pequenos roedores
e aves fica ameaçada.
O número de ocupações no
Santa Virgínia, onde até um oficial da Polícia Militar ergueu uma
casa, levou o Ministério Público a
entrar na Justiça com pedido de
recadastramento dos moradores.
Como é quase impossível retirar
as 120 famílias que vivem no núcleo, o cadastro vai servir somente
para evitar invasões.
No Núcleo Picinguaba, em Ubatuba, cerca de 500 famílias moram
na área do parque, boa parte delas
em locais de preservação e ao lado
de mananciais. Além disso, turistas de veraneio ergueram casas na
área do parque em Ubatuba.
Segundo diretores ouvidos pela
Folha, há hoje um vigia para fiscalizar cada 1.500 hectares de área
do parque -algo como 1.800
campos de futebol.
"É uma área muito grande para
apenas uma pessoa fiscalizar. Para uma fiscalização razoável, seria
necessário um vigia para cada 500
hectares, no mínimo", disse o diretor do núcleo Santa Virgínia,
em São Luís do Paraitinga, João
Paulo Villani.
"Nossa maior dificuldade é fiscalizar a área próxima à divisa
com o Rio, além da difícil demarcação do terreno, por se tratar de
uma região de mata muito fechada", disse o supervisor do núcleo
Picinguaba, Tasso Drumond.
Nos núcleos localizados em Caraguatatuba e São Sebastião, o
maior problema é a questão fundiária. Toda a área do parque localizada em São Sebastião ainda é
de propriedade particular, o que
dificulta o cumprimento da lei.
Além disso, a morosidade da
Justiça em caso de desapropriações -algumas chegam a levar
mais de 20 anos- atrapalha a fiscalização. "Muita gente chega a
dizer que só vai parar de plantar
na propriedade, ou coisa parecida, depois de receber a indenização do Estado", disse Villani.
O diretor da Divisão de Reservas e Parques Estaduais do Instituto Florestal, Marco Antonio Pupio Marcondes, admite as deficiências. Para ele, a fiscalização
poderia ser ""mais eficiente".
O juiz de São Luís do Paraitinga,
Fernando Santos Ramos, concedeu uma liminar contra o Estado,
em 19 de fevereiro, que obriga a
demarcação da área. O Estado
tem oito meses para cumprir a
sentença, sob pena de multa diária de 50 salários mínimos. O promotor Manoel da Rocha Monteiro disse que a ação foi motivada
pela fiscalização deficiente, devido à falta de demarcação.
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