São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO
"Ameaçados são separados e transferidos"

DA REPORTAGEM LOCAL

Presos que relatam sofrer ameaças de morte são separados, prestam depoimento e acabam transferidos para outra unidade mais segura logo que haja vaga, segundo o coordenador dos presídios do Vale do Paraíba e Litoral, Carlos Alberto Corade, 47.
""O Demerval [Barbosa de Souza" não informou que corria risco de vida", afirma o coordenador.
Corade não ocupava o cargo quando o detento Edson Bezerra do Carmo, o Gigante, morreu, por isso não quis falar sobre ele.
Há uma sindicância e um inquérito policial investigando a rebelião de dezembro de 2000 na Casa de Custódia de Taubaté. Entre os nove mortos está Gigante.
""Falhas ocorreram para que as armas entrassem na unidade", diz o corregedor da Secretaria da Administração Penitenciária, Clayton Alfredo Nunes, 41.
O motim começou porque o detento Jonas Mateus, da facção criminosa PCC, rendeu um agente prisional com uma pistola.
Nunca foi explicado como a arma entrou no Anexo de Taubaté.
Outro procedimento, na Corregedoria dos Presídios de São Paulo, ligada ao Tribunal de Justiça, investiga denúncias que Gigante fez por carta antes morrer.
Já foi pedida a quebra do sigilo telefônico, que ele disse servir para combinar esquemas de entrada de armas e fugas com policiais.
No caso de Souza, há uma investigação, mas o resultado não foi divulgado pela secretaria.
Segundo Nunes, a Corregedoria dos Presídios acompanha o inquérito policial e apenas arquiva sua sindicância caso Ministério Público dê por encerrada a apuração do crime.
""Os presos só costumam delatar ações do PCC quando estão em situação de dissidência, correndo risco de vida", afirma.
O ideal, de acordo com o corregedor, seria ter mais unidades para colocar presos separados, como ocorre em presídios nas cidades de Taubaté, Avaré e Presidente Venceslau.
""É a única forma de preservar a vida de uma pessoa jurada no sistema."
No próximo dia 2, outra unidade desse tipo será inaugurada em Presidente Bernandes (589 km de SP).
Nessas unidades, os detentos ficam em celas separadas e saem para o banho de sol em pequenos grupos, escolhidos após consulta da direção aos presos.


Texto Anterior: Violência: Presos são mortos após denunciar corrupção
Próximo Texto: Alckmin faz mutirão na favela Pantanal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.