São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 2002

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MÉDICO SUSPEITO

Nem todas as vítimas de pediatra seriam seus pacientes, acredita a polícia; acusado reclama do "massacre" da imprensa

Abusos teriam começado há mais de 2 anos

DO "AGORA"

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia suspeita que o pediatra e psicoterapeuta de adolescentes Eugenio Chipkevitch tenha começado a abusar sexualmente de seus pacientes há mais de dois anos. O médico foi preso na última quinta-feira sob a acusação de praticar esse crime.
Parte das cenas presentes nas fitas de vídeo em que o médico aparece com menores teria sido gravada no consultório que Chipkevitch deixou de usar há dois anos.
A suspeita é de Waldir Tabach, investigador-chefe do 51º DP (Butantã), que apura o caso. "Há imagens em que eu reconheço o consultório atual, mas em outras o ambiente parece ser do consultório antigo." Os dois ficam no Brooklin Novo (zona sul).
Se confirmado que o pediatra começou a praticar abusos sexuais contra pacientes há mais de dois anos, o número de vítimas pode ser maior que o estimado. Com base nas 37 fitas de vídeo apreendidas, a polícia supunha que pelo menos 40 adolescentes tenham sido vítimas do médico.
A polícia também suspeita que nem todas as vítimas de Chipkevitch eram seus pacientes. Investiga a possibilidade de jovens que auxiliavam o profissional em suas publicações (boletins e revistas) e outras atividades terem sido alvo do profissional. "Ele tinha outras atividades com um grupo de jovens", afirmou o delegado titular do 51º DP, Virgílio Guerreiro Neto. De acordo com ele, Chipkevitch teve cerca de 3.000 pacientes. O delegado deve ouvir o médico hoje no fim da tarde.
O pediatra está preso no 13º DP (Casa Verde), onde ficam detentos com curso superior. Ontem, recebeu a visita de pelo menos dois advogados, segundo policiais do distrito. Mas o suspeito ainda não tinha, até o fim da tarde, um defensor nomeado. Uma empregada de Chipkevitch esteve no local para entregar roupas.
O médico está sozinho em uma cela por precaução. Policiais disseram que aparenta calma e fala pouco. Reclamou, segundo esses policiais, de sofrer um "massacre" da imprensa.
Ainda de acordo com a polícia, ele não tem parentes no Brasil -o pediatra nasceu na Ucrânia e veio com os pais para o país aos 15 anos. O filho adotivo do pediatra, informou a polícia ontem, já estava sob a guarda temporária da mãe antes do início do escândalo.
Segundo apurou a Folha, as autoridades já tiveram acesso a algumas mensagens enviadas por Chipkevitch de seu e-mail. Em nenhuma havia conteúdo que indicasse vinculação com pedofilia.



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