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CASO OLIVETTO
Explosivo causou estragos materiais; protesto de grupo armado seria contra prisão de seqüestrador de publicitário
Consulado do Brasil no Chile sofre atentado
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O grupo armado chileno MIR
(Movimento de Esquerda Revolucionária) reivindicou a autoria
do atentado a bomba ao consulado brasileiro em Santiago por
meio de carta entregue à imprensa local, no noite de anteontem.
Segundo a mensagem, o objetivo do atentado foi fazer um protesto contra o tratamento dado ao
ex-membro do grupo Mauricio
Hernández Norambuena, condenado a 30 anos de prisão no Brasil
pelo seqüestro, em 2001, do publicitário Washington Olivetto.
Mas as autoridades brasileiras e
chilenas ainda investigam o caso
para saber se o MIR, que foi a
principal resistência armada à ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), é o verdadeiro
responsável pela ação.
Demetrio Hernández, que, segundo a imprensa chilena, é secretário-geral do MIR, negou ontem a participação do grupo. Não
descarta, no entanto, que ação tenha sido iniciativa de militantes.
Para analistas, o MIR estaria inativo como organização.
"O motivo principal dessa ação
é denunciar as condições deploráveis de reclusão e as permanentes
arbitrariedades do poder político
e judicial do Estado e governo
brasileiros", afirma a carta supostamente assinada pelo MIR.
O artefato foi colocado no banheiro feminino da sala de atendimento ao público do consulado.
A explosão ocorreu por volta das
17h (18h em Brasília) de anteontem. Não havia ninguém na sala
nem no banheiro, pois o expediente já estava encerrado.
O cônsul Renato Xavier e assessores ainda trabalhavam no local,
que fica no 15º andar de um prédio comercial.
Os responsáveis pelo atentado
chegaram a avisar o consulado sobre a bomba. Ela explodiu antes
que a polícia chegasse.
Na opinião de diplomatas brasileiros, a intenção não era ferir alguém, mas chamar a atenção. A
conclusão se baseia na bomba, no
local e no horário escolhidos.
Na carta, o grupo diz que continuará a agir contra o Brasil até
que Norambuena seja libertado.
"Seguiremos atuando, enquanto
as condições políticas, jurídicas e
de violação de seus direitos, como
prisioneiros políticos, não melhorem substancialmente até conseguir as suas liberdades."
A segurança na embaixada brasileira em Santiago e no consulado (ficam em prédios diferentes)
foi reforçada pela polícia chilena.
"Foi um ato bárbaro que, por
acaso, não feriu ninguém", disse o
embaixador brasileiro no Chile,
Gelson Fonseca, que se encontrou
ontem com o ministro do Interior
do Chile, José Insulza, para se informar sobre as investigações. "É
preocupante", afirmou Insulza,
segundo a agência ""Reuters".
Em meados de 2003, cerca de 50
simpatizantes de Norambuena se
aglomeraram em frente à embaixada brasileira. Desde então, a segurança do local foi reforçada. O
mesmo cuidado não foi tomado
no consulado.
Ontem, o consulado abriu normalmente. Foi montado, no entanto, um esquema de identificação dos visitantes.
Norambuena cumpre a pena no
presídio de segurança máxima
em Presidente Bernardes (SP).
Existe um pedido de extradição
para o seqüestrador, protocolado
pelo governo chileno em 2002. O
processo ainda não foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo o ministro responsável pelo caso, Celso de Mello, o julgamento, na pauta desde novembro, não ocorre por pedidos de
adiamento feitos pelo advogado
Jaime Alejandro Motta Salazar.
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