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Arquiteta irá depor sobre caso Cesp
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual
convocou a arquiteta Izildinha
Araújo a prestar esclarecimentos
sobre o caso do embargo do prédio da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), na avenida
Paulista (centro de São Paulo), cuja reforma foi paralisada por 45
dias, em 2001, primeiro ano da
gestão de Marta Suplicy (PT).
Ela deve ser ouvida nos próximos 15 dias. Se não aparecer, pode ser conduzida coercivamente
(com auxílio de força policial).
Autora das ordens administrativas de embargo e desembargo
da obra, Araújo sustenta que as
medidas foram determinadas pelo vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, 82, conforme a Folha
noticiou em sua edição de ontem.
A intenção de Bicudo seria tentar levar a Cesp a aceitar o parcelamento de uma dívida de pelo menos R$ 71 milhões que a Emurb
(Empresa Municipal de Urbanização) tem com a companhia -o
que de fato ocorreu.
Em entrevista gravada, o vice-prefeito confirmou ter pedido o
desembargo da obra à Administração Regional da Sé para facilitar as negociações da dívida.
Ocorre, porém, que nenhuma
alteração real nas condições físicas e documentais da obra foi registrada entre a ordem de paralisação da reforma e sua liberação.
Questionado sobre a possibilidade de ter determinado uma medida irregular, Bicudo completou:
"Esse é um problema que não me
cabe. Eu estava envolvido em um
problema maior e acho que política se faz por cima, não por baixo".
As declarações da servidora serão tomadas pelo promotor Saad
Mazloum, da Cidadania. É a partir delas que ele decidirá se instaura ou não um inquérito civil.
A investigação será formalizada
se o promotor vislumbrar indícios de que houve desvio de finalidade nos atos administrativos de
embargo e desembargo da obra, o
que configuraria improbidade
administrativa (má gestão).
Ele analisará também se a Cesp
-da qual o governo do Estado é o
acionista majoritário- perdeu
dinheiro com o acordo firmado e
se alguém recebeu alguma vantagem indevida na negociação.
Redondo e claro
Ontem, a prefeita Marta Suplicy
(PT) preferiu não tecer muitos comentários sobre o episódio, afirmando apenas que "tudo o que tinha de ser explicado já o foi pelo
vice-prefeito". "E ele explicou de
forma tão boa, tão redonda",
completou a prefeita.
Já o governador Geraldo Alckmin (PSDB) saiu em defesa da
Cesp, alegando que "não houve
perdão", pois a dívida foi apenas
parcelada e está sendo paga. O débito, no entanto, apesar do acordo
entre as partes, ainda está sendo
recalculado por um contador do
Judiciário paulista.
"Eu não acredito que o vice-prefeito tenha agido de má-fé nem tenha havido prejuízo para a sociedade. Não acredito que ele [Bicudo] tenha cometido nenhuma ilegalidade, mas vou pedir para a
Cesp dar uma verificada e depois
responder", completou o tucano.
Questionado sobre qual seria a
vantagem de a Cesp aceitar um
parcelamento em um caso em
que poderia receber a dívida de
uma vez só, Alckmin respondeu:
"Não receberia, porque a Emurb
não paga".
Colaborou a Reportagem Local
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