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INFRA-ESTRUTURA
Ponte passa sobre o rio Paraná e liga SP a MS
Sem gestor, obra de FHC sofre com falta de manutenção e se deteriora
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma das principais obras entregues no governo de Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002), a
ponte rodoferroviária sobre o rio
Paraná, que liga os Estados de São
Paulo e Mato Grosso do Sul, vem
sofrendo um processo de deterioração desde sua inauguração, em
maio de 1998.
A ausência de manutenção na
obra surgiu por causa de uma
cláusula de um convênio, assinado em 1991 pelo governo de São
Paulo e a União, determinando
que só seria definido quem gerenciaria a ponte após o fim da obra.
Várias instalações previstas no
projeto de construção, como postos da Polícia Rodoviária, da Secretaria da Agricultura, da Secretaria da Fazenda e do Centro de
Controle Operacional ainda não
foram construídos. Segundo cálculo da Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo, cerca
de R$ 20 milhões precisam ser
empenhados para acabar a obra.
A reportagem percorreu os 3,8
quilômetros da ponte. Em algumas pilastras de sustentação, a
ação de cupins começa a corroer
as estruturas. Toda a rede de cabos de eletricidade que abastecia a
ponte foi furtada. Em parte dos
postes elétricos -que não contam mais com lâmpadas- as
hastes que antes serviam de apoio
às luminárias estão soltas e costumam cair sobre as pistas. Crateras
no asfalto também são encontradas com facilidade.
Uma associação que reúne 120
prefeitos do interior de São Paulo
prevê que a ponte seja interditada
nas próximas semanas se não
houver nenhum tipo de medida
do Ministério dos Transportes
para reparar o abandono do local.
A ponte tem quatro pistas para
veículos e sob elas estão os trilhos
da Brasil Ferrovias S.A., por onde
passam trens que escoam a produção agrícola da região Centro-Oeste e de São Paulo ao porto de
Santos. Segundo a Brasil Ferrovias S.A, no ano passado foram
transportados pela ponte cerca de
6 milhões de toneladas de cargas.
O convênio assinado entre o governo de São Paulo e a União, que
viabilizou a construção da ponte,
acordava que o governo federal
captaria 80% dos recursos destinados à execução da obra e o governo de São Paulo completaria
os outros 20%. Em 1999, o convênio foi extinto e, desde então, a
ponte permanece entregue ao
abandono. A obra custou R$
586,3 milhões e, durante sua
construção, foi alvo de denúncias
de superfaturamento pelo TCU
(Tribunal de Contas da União).
O presidente da AMA (Associação dos Municípios da Araraquarense), Liberato Rocha Caldeira,
informou que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva declarou que
o problema de abandono da ponte rodoferroviária será resolvido a
curto prazo. "Ele [Lula] se comprometeu a achar uma solução
para o impasse em relação à extinção do convênio entre a União
e o governo de São Paulo", disse
ele, que é prefeito de Valentim
Gentil (535 km de SP).
A Folha apurou que não há previsão orçamentária neste ano para o envio de verbas para a obra.
A assessoria de comunicação do
Ministério dos Transportes informou que o órgão busca, em parceria com o governo do Estado de
São Paulo, uma solução para o
problema do abandono da ponte.
Segundo o secretário dos Transportes de São Paulo, Dario Rais
Lopes, se for fechado um acordo,
o secretário estima que até o fim
do ano a ponte estará recuperada.
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