São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Ministério anuncia contratação de 300 agentes para conter avanço da doença

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro José Gomes Temporão (Saúde) apresentou ontem no Rio novas medidas para tentar conter o crescimento da dengue. Entre os principais pontos estão a contratação de 300 agentes para operar equipamentos de fumacê (fumaça tóxica ao mosquito), a criação de um cartão que ficará com o paciente indicando o registro de todo o atendimento e ampliação de 104 para 223 no total de leitos em hospitais federais reservados para dengue.
Ao todo, 48 pessoas foram vítimas da doença no Estado.
Apesar do discurso de todos os envolvidos de que não queriam polemizar, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e Temporão criticaram a situação do município. Ambos acharam falho o atendimento na rede de atenção primária, feita principalmente pelos postos de saúde da prefeitura ou por agentes do programa de saúde da família.
"Em outubro de 2007, falei que a situação me preocupava. Demos todos os recursos financeiros, informação, treinamento... Mas o Rio foi a única capital que teve aumento, enquanto em todo o país a situação é de declínio", disse Temporão.
Cabral -que durante o período mais crítico da doença esteve numa viagem de 13 dias ao Oriente- participou ontem da inauguração de uma tenda de hidratação montada pelo Estado em Jacarepaguá, zona oeste. O secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, diz que os principais motivos foram a maior incidência de chuvas neste verão e o fato de o vírus estar atacando mais crianças. "Com esse quadro, não há cidade no mundo que consiga dar conta da epidemia."
Para o epidemiologista especialista em dengue Roberto Medronho, da UFRJ, as medidas anunciadas ontem chegam tarde. Se a articulação fosse mais eficiente e ocorresse antes, provavelmente haveria menos mortes, disse.
Ao anunciar ontem as medidas, Temporão criticou o fato de a letalidade no município do Rio estar, segundo ele, muito superior ao tolerado pela Organização Mundial de Saúde, que é de 1% dos casos. Segundo o ministro, a cidade está hoje com uma taxa superior a 5% na dengue hemorrágica.
Mas os registros do ministério indicam que a taxa superior a 5% não é exclusividade da cidade do Rio. O Brasil teve uma taxa de letalidade de 10% na forma hemorrágica em 2007.
O Estado do Rio aparece nessa lista com 16% de letalidade, percentual maior que a média brasileira, mas inferior ao Pará (27%), São Paulo (26%) e Mato Grosso do Sul (20%).


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