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Ministério anuncia contratação de 300 agentes para conter avanço da doença
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro José Gomes Temporão (Saúde) apresentou ontem no Rio novas medidas para
tentar conter o crescimento da
dengue. Entre os principais
pontos estão a contratação de
300 agentes para operar equipamentos de fumacê (fumaça
tóxica ao mosquito), a criação
de um cartão que ficará com o
paciente indicando o registro
de todo o atendimento e ampliação de 104 para 223 no total
de leitos em hospitais federais
reservados para dengue.
Ao todo, 48 pessoas foram vítimas da doença no Estado.
Apesar do discurso de todos
os envolvidos de que não queriam polemizar, o governador
Sérgio Cabral (PMDB) e Temporão criticaram a situação do
município. Ambos acharam falho o atendimento na rede de
atenção primária, feita principalmente pelos postos de saúde
da prefeitura ou por agentes do
programa de saúde da família.
"Em outubro de 2007, falei
que a situação me preocupava.
Demos todos os recursos financeiros, informação, treinamento... Mas o Rio foi a única capital
que teve aumento, enquanto
em todo o país a situação é de
declínio", disse Temporão.
Cabral -que durante o período mais crítico da doença esteve numa viagem de 13 dias ao
Oriente- participou ontem da
inauguração de uma tenda de
hidratação montada pelo Estado em Jacarepaguá, zona oeste.
O secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, diz que os
principais motivos foram a
maior incidência de chuvas
neste verão e o fato de o vírus
estar atacando mais crianças.
"Com esse quadro, não há cidade no mundo que consiga dar
conta da epidemia."
Para o epidemiologista especialista em dengue Roberto
Medronho, da UFRJ, as medidas anunciadas ontem chegam
tarde. Se a articulação fosse
mais eficiente e ocorresse antes, provavelmente haveria menos mortes, disse.
Ao anunciar ontem as medidas, Temporão criticou o fato
de a letalidade no município do
Rio estar, segundo ele, muito
superior ao tolerado pela Organização Mundial de Saúde, que
é de 1% dos casos. Segundo o
ministro, a cidade está hoje
com uma taxa superior a 5% na
dengue hemorrágica.
Mas os registros do ministério indicam que a taxa superior
a 5% não é exclusividade da cidade do Rio. O Brasil teve uma
taxa de letalidade de 10% na
forma hemorrágica em 2007.
O Estado do Rio aparece nessa lista com 16% de letalidade,
percentual maior que a média
brasileira, mas inferior ao Pará
(27%), São Paulo (26%) e Mato
Grosso do Sul (20%).
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