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entrevista
Criança passou a ser objeto sexual, afirma psicóloga
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A violência contra crianças, sexual ou não, ocorre,
em muitos casos, em ambiente de violência contra a
mãe. Os primeiros sinais, como afastamento e pesadelos,
podem ser notados precocemente na escola ou por médicos, evitando consequências mais graves. Quem diz é
a psicóloga Carmen Oliveira,
subsecretária de Promoção
dos Direitos da Criança e do
Adolescente da Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, ligada à Presidência. A
seguir, trechos da entrevista:
FOLHA - Há explicação para tantos novos casos de violência contra a criança?
CARMEN OLIVEIRA - O tema não
é um fato novo, tampouco se
entende que esteja atingindo
maiores proporções. É um
momento em que a nossa sociedade está mais alerta. O
abuso sexual é mais silenciado que a exploração sexual,
porque se dá num ambiente
conhecido da criança e do
adolescente: são familiares,
vizinhos, pessoas do bairro.
Temos fatores para esse problema ter ganhado essa dimensão. Um exemplo é o
corpo juvenil ter passado a
ser um ideal social, o que faz
com que as crianças passem
a ser um objeto sexual desejado.
FOLHA - Qual é o papel da mãe
numa suspeita de agressão dentro de casa contra seu filho?
OLIVEIRA - É muito recorrente escutar de mulheres que
elas não buscam um segundo
casamento porque sabem
dos riscos de colocar outro
homem em casa. E é frequente que, onde tenha abuso sexual, tenha uma violência extensiva à companheira.
FOLHA - Essas crianças abusadas
têm ideia do que ocorre?
OLIVEIRA - Temos um conjunto de sinais que permite a
suspeita, que, uma vez conhecido, poderia originar
uma intervenção mais rápida. Em sala de aula, você
identifica essa criança. Ela
começa a ficar mais ansiosa,
se isola do grupo, tem prejuízo no rendimento escolar.
Por outro lado, essa criança
passa a ter problemas de sono, pesadelos, ou até problemas de saúde decorrentes do
início precoce da atividade
sexual, como sangramentos.
FOLHA - Há falhas no sistema
que trabalha as denúncias?
OLIVEIRA - A gente sabe que
há falhas na apuração e na
responsabilização por parte
da Justiça quando o agressor
tem maior poder aquisitivo.
Outra é a insuficiência de varas da infância e da juventude. O Conselho Nacional de
Justiça está fazendo um
diagnóstico e criará parâmetros para criação e funcionamento das varas.
FOLHA - Como esse caso de Catanduva, há outros grandes?
OLIVEIRA - O caso de Catanduva implica em uma rede
organizada no Brasil. É a
ponta de um iceberg, com
crianças de todas as classes.
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