São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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Investigação será dividida em 2 frentes

da Reportagem Local

A Delegacia Geral da Polícia Civil decidiu separar as investigações da máfia da propina. A partir de hoje, os inquéritos de supostos esquemas de corrupção envolvendo secretarias e autarquias municipais serão presididos pelo delegado Itagiba Franco, titular da Diprocom (Divisão de Polícia Comunitária).
Os primeiros alvos serão a Secretaria da Educação, a Secretaria da Cultura e a Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de SP).
A decisão foi formalizada em mensagem de telex do delegado-geral Marco Antônio Desgualdo ao delegado Eduardo Hallage, diretor do Dird (Departamento de Identificação e Registros Diversos). Hallage é superior imediato dos delegados Romeu Tuma Jr. e Naief Saad Neto, que comandaram todas as apurações feitas até agora.
À Folha, o delegado Jurandir Corrêa de Sant'Anna, assistente de Desgualdo, disse que ficam com Tuma Jr. e Saad a apuração das denúncias envolvendo as administrações regionais e a SAR (Secretaria das Administrações Regionais), além do inquérito que apura a ação da rede na limpeza pública.
Sant'Anna afirmou que a medida foi tomada com intenção de reforçar a equipe que investiga a máfia.
Na semana passada, Tuma Jr. chegou a pedir férias alegando recursos materiais e humanos insuficientes para tocar o caso satisfatoriamente. Desgualdo forneceu investigadores e determinou que novos casos seguissem para Franco.
O telex encaminhado a Hallage, porém, não é tão claro. O texto permite o entendimento de que as novas denúncias, sem exceção, devam ser encaminhadas a Franco.
O caso foi esclarecido à Folha pela delegacia-geral, mas dentro da Polícia Civil a dúvida persistia.
A Folha apurou que a imposição de mais um delegado para apurar o caso, Itagiba Franco, pode representar uma tentativa do delegado-geral, Marco Antônio Desgualdo, de neutralizar a equipe de Eduardo Hallage, homem de confiança do ex-secretário José Afonso da Silva.
Franco, que já trabalhou com Desgualdo no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), canalizaria as investigações para um grupo com ligações estreitas com a Delegacia Geral.
Foi avaliado que, nos últimos dois meses, período em que o caso tomou maior fôlego na mídia, só o grupo forte do ex-delegado-geral Luis Paulo Braga Braun ganhou destaque, em detrimento da atual cúpula da Polícia Civil.


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