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TRANSPLANTES
Secretaria de Estado da Saúde institui fila única de receptores para evitar suspeitas sobre sistema
São Paulo centraliza doação de córnea
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
A partir do próximo dia 2 de
maio, a doação de córneas em São
Paulo passará a ser controlada e
fiscalizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Nessa
data, começam a ser usadas listas
regionais que vão centralizar os
nomes dos candidatos a receber
uma córnea no Estado.
A Central de Transplantes de
São Paulo dividiu o Estado em dez
regiões -quatro na capital e
Grande São Paulo e seis no interior. Cada região terá uma lista de
receptores e contará com uma
OPC (organização de procura de
córneas), normalmente um hospital universitário que já tem estrutura montada e que será responsável pela captação de córneas para todos os hospitais e clínicas de sua região.
Na capital, as listas regionais terão como OPCs o Hospital das
Clínicas, o Hospital São Paulo, da
Universidade Federal de São Paulo, a Santa Casa e o Hospital do
Servidor Público Estadual.
"Decidimos criar mais que uma
lista para que o receptor esteja
próximo do local onde o órgão for
captado", afirma Luiz Augusto
Pereira, coordenador da Central
de Transplantes da capital.
Ao contrário dos transplantes
de rim, fígado e coração -que
possuem um cadastro único conforme regulamentou a lei dos
transplantes-, a doação de córneas é até hoje descentralizada.
Ou seja, os hospitais captam as
córneas e as distribuem entre os
pacientes de suas próprias listas.
Como ocorria com os outros
transplantes antes da criação da
lista única, a descentralização da
doação suscita dúvidas quanto à
transparência do sistema. Para alguns, o fato de não haver um controle do governo beneficia aqueles
pacientes de melhor poder aquisitivo, que poderiam pagar para obter o órgão com mais rapidez.
"A partir de agora, um sistema
informatizado vai permitir que o
próprio paciente acompanhe sua
posição na lista pelo computador,
tornando o sistema transparente", diz Isaac Newstein, presidente
do banco de olhos do Hospital do
Servidor Público Estadual, onde
70 pessoas aguardam de três a seis
meses por uma córnea.
Todos os hospitais, públicos ou
privados, e clínicas particulares
que realizam transplante de córnea devem enviar à Central de
Transplantes todos nomes dos receptores que constam de suas listas de espera.
Eles serão reorganizados de
acordo com a divisão geográfica e
com a data de sua inscrição no
hospital. À medida que as OPCs
notificarem a central sobre as córneas disponíveis, os pacientes serão chamados de acordo com sua
posição na lista da região em que
está localizado seu hospital.
O coordenador diz que o Estado
"não tem a menor idéia" da demanda por córnea em São Paulo.
A partir da criação das listas, será
possível conhecer esse dado e impedir que pacientes se inscrevam
em mais de uma lista, o que ele
acredita ser muito comum hoje.
"Vamos cruzar todas as listas e
evitar a dupla inscrição", afirma.
O Hospital das Clínicas de São
Paulo, que já chegou a ter mais de
200 pessoas em fila com uma espera mínima de seis meses tem
hoje uma lista menor: são cerca de
60 pacientes que aguardam uma
córnea por, em média, três meses.
"Conseguimos reduzir a lista melhorando a captação de córneas",
diz o oftalmologista Newton Kara
José, da USP e da Unicamp. "É
possível reduzir ainda mais."
No próximo sábado, o HC realizará uma campanha para buscar
pessoas que precisam de uma córnea (leia ao lado).
No Hospital São Paulo, da Unifesp, a demanda ainda é grande.
Segundo Elcio Sato, responsável
pelo banco de olhos da instituição, há cerca de 200 pacientes
aguardando uma córnea. A espera varia de seis meses a um ano.
"Não sei se a criação das listas
vai aumentar o número de transplantes, mas com certeza vai organizá-los, o que traz maior confiança ao paciente", diz.
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