|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
Em Itirapina, detentos do PCC matam líderes rivais
Quatro presos são decapitados em rebelião que durou 15 horas
CLÁUDIO LIZA JÚNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Em uma das rebeliões mais violentas deste ano no Estado, com
15 horas de duração, quatro presos foram decapitados com golpes de machado e tiveram os corpos queimados pelos próprios detentos na Penitenciária 2 de Itirapina (213 km de São Paulo).
Os crimes aconteceram entre a
madrugada de anteontem e a manhã de ontem. Outros cinco presos ficaram feridos a golpes de estilete, mas passam bem segundo a
direção do presídio. Esse foi o segundo motim na penitenciária
em menos de 24 horas.
A rebelião teve início por volta
das 17h de anteontem, quando
presos do pavilhão 2, ligados ao
PCC (Primeiro Comando da Capital), invadiram o pavilhão 1 para matar líderes rivais, segundo a
Folha apurou.
Os detentos estavam encarcerados em condições precárias, devido à rebelião do último domingo
que destruiu parte do presídio.
Por isso, eles teriam conseguido
romper as grades das celas e invadir o pavilhão 1. Os presos mortos
pertenciam ao pavilhão 3, mas estavam acomodados no pavilhão 1,
devido às condições do presídio.
O tumulto só foi controlado por
volta das 8h30 de ontem, depois
da invasão do presídio por cerca
de cem homens da Tropa de Choque da Polícia Militar.
A direção da Penitenciária 2 de
Itirapina não confirmou a participação de líderes do PCC na rebelião. Segundo familiares dos presos, os detentos do pavilhão 3 estavam jurados de morte desde o
último dia 18 de fevereiro, quando
não aderiram à megarebelião comandada pelo PCC em todo o Estado. Nesse dia, 29 presídios foram dominados pela facção.
"Tínhamos isolado o pessoal do
pavilhão 3 no pavilhão 1 e transferido os que estavam no 1 para o 2.
Não podíamos prever que houvesse a invasão de um dos pavilhões", disse o diretor do presídio,
José Antônio Aparecido Dias.
O primeiro detento a ser morto
pelos membros do PCC foi o líder
do pavilhão 3, Edson Luiz Ferreira, conhecido como Tim Maia.
Além de Tim Maia, também foram mortos Maurício Ricardo
Kapp Marins Peixoto, o Bizu, Luciano Batista dos Santos e Washington Luís Antônio, todos ex-detentos do pavilhão 3.
Na tarde de ontem, 13 presos
dos pavilhões 1 e 2 foram transferidos para o Complexo Penitenciário de Hortolândia (20 km de
Campinas). Segundo a direção do
presídio, ao todo 50 detentos serão transferidos para penitenciárias do interior do Estado.
Desespero
O anúncio das mortes dos detentos causou desespero e revolta
dos familiares, que passaram a
madrugada em frente à penitenciária em busca de notícias.
A mulher de Luciano Batista
dos Santos, Daniele dos Santos,
desmaiou e foi levada para o hospital da cidade. "Conheço a mãe
do Bizu e não tenho nem coragem
de dizer para ela o que aconteceu.
O Bizu era o que restava para ela",
disse a dona-de-casa Natália de
Oliveira Cláudio, 23.
Texto Anterior: Violência: Prefeitura perde R$ 245 mil em 3 assaltos Próximo Texto: Governo nega falhas na segurança Índice
|