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IBIRAPUERA
Projeto de placas foi vetado
Publicidade opõe empresa e prefeitura
DA REPORTAGEM LOCAL
A suposta quebra de um contrato com a empresa Visoplac deverá render ação indenizatória
contra a Prefeitura de São Paulo.
Em 1997, a empresa venceu licitação para explorar a venda de publicidade no parque Ibirapuera. O
pagamento da concessão seria a
troca de todo o mobiliário do parque, de bancos a bebedouros.
Para desenhar as peças, que incluem espreguiçadeiras de design
moderno para serem dispostas na
beira do lago, a Visoplac contratou o arquiteto Walter Makhohl,
ex-assistente de Oscar Niemeyer,
autor do projeto original do parque. As peças foram enviadas a
Niemeyer, que as aprovou.
Porém, como o Ibirapuera é patrimônio histórico tombado, o
projeto teve de ser analisado pelo
Conpresp (Conselho Municipal
de Preservação do Patrimônio
Histórico, Cultural e Ambiental
da Cidade de São Paulo).
Na primeira apreciação do conselho, o projeto foi reprovado sob
a justificativa de ferir a legislação
municipal. Segundo a lei 12.115, é
proibida publicidade em bem público tombado. "Mas essa é uma
interpretação equivocada. A legislação prevê uma exceção para
bens de uso público comum", diz
Guilherme do Amaral Rocha, gerente da Visoplac.
Makhohl diz que faltou justificativa técnica para embasar a decisão do Conpresp. "Primeiro, os
conselheiros disseram que feria a
legislação, o que foi contestado.
Depois, afirmaram que o projeto
era danoso, sem dizer o porquê."
Os espaços publicitários seriam
75 placas de 1 m2 de área, o que
daria uma proporção de uma placa para cada 10 mil m2 de área do
parque. "É um projeto que foge
ao convencional. Se eu desenhasse aqueles bancos de concreto
com placa em cima talvez fosse
aprovado", considera o arquiteto.
A primeira recusa do Conpresp
se deu ainda na gestão Celso Pitta.
A segunda foi em fevereiro deste
ano. Nesta, os representantes da
Visoplac acusam a secretária Stela
Goldenstein de ter pressionado o
conselho. O motivo seriam as parcerias que a secretária faz nos parques municipais, em que as empresas fazem melhorias em troca
de placas institucionais.
"A acusação não tem nenhum
cabimento. O conselho é um órgão da prefeitura. É independente
e muito técnico", afirma Stela. Segundo ela, o termo de cooperação
com a Visoplac não foi cumprido
pela própria empresa. "O contrato não envolvia só o Ibirapuera,
mas outros seis parques menores.
Enquanto resolviam a situação no
Conpresp, por que nada foi feito
nos outros espaços, que não são
tombados?", questiona.
O gerente da Visoplac afirma
que a venda de publicidade no
Ibirapuera viabilizaria economicamente a intervenção nos outros
parques. "Mas isso não estava no
contrato, que previa o cancelamento caso o Conpresp recusasse
o projeto duas vezes", diz Stela.
A secretária reconhece que a Visoplac poderia atrapalhar o projeto de parcerias, um dos quais com
a Kaiser, que reformou as quadras
poliesportivas do Ibirapuera e cedeu monitores para o local.
"A Telefônica consertará todo o
calçamento do parque e trocará
todos os bancos. Isso custará, para nós, apenas uma placa institucional da empresa", afirma.
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