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SEGURANÇA
Força-tarefa apura suspeita de enriquecimento ilícito; secretário de SP admite investigação e promete punir os envolvidos
PF investiga ligação de policiais com doleiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma força-tarefa que reúne a
Polícia Federal e a Procuradoria
da República investiga policiais
civis e federais de São Paulo por
suspeita de enriquecimento ilícito, de remessa de dinheiro para o
exterior e de dar cobertura a esquemas de contrabando.
A operação sigilosa, que começou no final do ano passado, é negada oficialmente pela direção da
Polícia Federal, em Brasília, mas,
segundo a Folha apurou, há equipes de outros Estados atuando
nesse caso em São Paulo.
Ontem, ao ser questionado sobre a investigação, o secretário da
Segurança Pública do Estado,
Saulo de Castro Abreu Filho, admitiu que há uma apuração em
andamento, em conjunto com a
Polícia Civil estadual, para avaliar
o envolvimento de policiais paulistas, mas não quis dar detalhes.
""Estamos apurando juntamente
com a Polícia Federal", disse ele.
A ação da força-tarefa tem sido
o principal assunto nos corredores das delegacias de São Paulo
nas últimas duas semanas, porque estariam para ser pedidas prisões contra os suspeitos identificados. Até agora, 30 pessoas já foram ouvidas no inquérito da PF.
Na mira da investigação estão
25 agentes e pelo menos seis delegados federais, mais policiais civis
e até magistrados. Eles teriam
mantido contato com o empresário Antonio Oliveira Claramunt,
conhecido como Toninho Barcelona, apontado como um dos
maiores doleiros do país.
No mês passado, policiais federais tentaram prender Toninho
em quatro endereços diferentes
em São Paulo, em uma ação simultânea, mas ele conseguiu escapar pelos fundos de sua empresa, a Barcelona Tour Viagens e
Turismo. Cheques, documentos e
papéis encontrados nesses endereços é que teriam dado origem à
lista de pessoas suspeitas.
Segundo a Folha apurou, o empresário teria transformado reais
em dólares para esses clientes, por
meio de uma transação comparada à de lavagem de dinheiro. Os
nomes dessas pessoas estão sendo
mantidos em sigilo.
Na época da operação, o advogado de Toninho, Carlos Costa e
Silva, disse que seu cliente não era
doleiro e que possuía uma casa de
câmbio legalizada com carta patente do Banco Central. E que, em
dez anos, nunca sofreu qualquer
punição.
"Se nós tivermos o mínimo de
indício, afasta, e [se houver" prova, demite. Não há hipótese de isso acontecer e a gente tolerar",
disse o secretário de São Paulo ao
responder se pretendia afastar os
policiais investigados.
A Polícia Civil ainda tenta, segundo a Folha apurou, descobrir
quem são os suspeitos de sua corporação envolvidos. Um delegado, que trabalhou no Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) e já foi
investigado por ligação com tráfico de drogas, e policiais do Deic
estariam entre os investigados.
O delegado-geral de São Paulo,
Marco Antonio Desgualdo, esteve
na tarde de ontem na superintendência da PF no Estado. Ele foi se
informar sobre o caso.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo afirmou ontem
que não comentaria ""investigação
em andamento" ao ser questionado sobre a apuração de que carros
da polícia foram usados para escolta de contrabando -descobertas por meio de escutas telefônicas. Também se recusou a falar
dos supostos pedidos de prisão
contra policiais e sobre a existência de uma lista com nomes dos
suspeitos.
"Nós não temos nenhuma dificuldade em depurar a polícia.
Têm mais de 700 policiais presos.
Só neste ano já demiti quase 700",
disse Abreu Filho.
Na semana passada, uma outra
investigação da Polícia Federal,
em conjunto com o Denarc, fez
com que o departamento da Polícia Civil prendesse dois de seus
policiais.
(ALESSANDRO SILVA, JOÃO CARLOS SILVA E GILMAR PENTEADO)
Colaborou a SUCURSAL DE BRASÍLIA
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