Não sei não, mas, se eu fosse o Bill Gates, já estaria pensando em adaptar os teclados dos computadores que a Microsoft fornece para o mercado tapuia a uma nova realidade.
Pense comigo: nos anos que virão, quantas vezes a economista Maria da Conceição Tavares será convidada a opinar em jornais e revistas sobre a condução da política econômica do governo? Um monte, uma vez que o governo e a nobre professora compartilham da mesma orientação ideológica, não é mesmo?
Pois bem, quem já leu alguma entrevista com Maria da Conceição Tavares, como a publicada nesta Folha na última segunda-feira, sabe que a valente economista costuma pontuar a sua fala com o tipo de vocabulário que um motorista de caminhão escolheria para desabafar, caso o pneu de seu veículo furasse no meio de uma noite chuvosa em uma estrada agreste.
Aí é que entra o Bill Gates. Você conhece, meu caro leitor, aqueles ícones representando caveiras, raios e lagartos que são usados nas histórias em quadrinhos para exprimir o desafogo de um, digamos, João Bafo-de-Onça, naquele tipo de situação em que um cofre ou um piano acabou de cair do prédio e aterrissou justamente sobre o pé dele, não? Pois então. A fim de poupar o leitor mais sensível de alguma indisposição estomacal súbita, sugiro que Bill Gates incorpore ao teclado do computador uma variação de teclas com caveiras, raios e lagartos.
Claro, isso não resolveria o problema da verborragia que parece ter acometido o presidente da República de uns tempos para cá. Contra a enxurrada de analogias futebolísticas a que Lula tem nos exposto nos últimos meses, não há Bill Gates que dê jeito.
Se ao menos alguém conseguisse convencê-lo a dizer uma frasezinha que fosse condenando as execuções em Cuba, ainda vá lá. Mas, o que a gente quer ouvir, só para se certificar de que os petistas estão mesmo começando a ver o mundo com alguma clareza, Lula não diz.
E dá-lhe citação de patriotas feito Lampião e frase de efeito com cara de letra de música de Nelson Gonçalves! Não é a fragilidade ortopédica generalizada entre os petistas que causa inquietação. O que preocupa é o excesso de flexibilidade na língua.

Corre o risco de passar por otário quem se comoveu com o luto de Michael Schumacher no pódio de Ímola. Do jeito que vai a F-1, não dá nem mais para acreditar que a cor da Ferrari seja mesmo o vermelho.


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