|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CORAÇÃO
Campanha lançada hoje busca combate à hipertensão
Especialistas tentam convencer população a medir pressão arterial
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Conheça sua pressão e salve
seu coração." A frase da campanha que será lançada hoje pode
até parecer piegas, mas é o oposto
disso: revela a dificuldade que os
especialistas vêm encontrando
para convencer as pessoas a medir sua pressão e a tratar dela.
A campanha, com cartazes e
cartilhas, é da Liga de Hipertensão do Hospital das Clínicas com
o apoio das sociedades brasileiras
de Nefrologia, de Hipertensão e
de Cardiologia (Funcor). Amanhã é o Dia Nacional de Combate
e Prevenção à Hipertensão. Nesta
sexta, muitos hospitais -entre
eles o HC- estarão medindo a
pressão e distribuindo material.
"Só informação não basta", diz
Décio Mion, chefe da Liga de Hipertensão e um dos autores de
pesquisa mostrando que 60% dos
médicos do HC, que sabiam ter
pressão alta, não se tratavam.
Outro problema é que a maioria
dos 5 milhões a 7 milhões de brasileiros hipertensos não sabe disso. Para "conhecer sua pressão e
salvar seu coração", como prega a
campanha, Mion idealizou uma
cadeira -desenhada pelo artista
plástico Fabio D'Elia- na qual o
próprio paciente mede a pressão.
Falta agora financiamento para
instalá-las nos postos de saúde.
Em outra frente, as sociedades
médicas que lidam com a hipertensão se reúnem com o Ministério da Saúde em maio para retomar um "plano de atenção à hipertensão arterial e ao diabetes
mellitus". Iniciado em 2001, o plano foi interrompido com a troca
de governo. "O programa prevê
capacitação dos profissionais,
educação da população, diagnóstico e tratamento", diz Dante
Marcelo Giorgi, cardiologista do
Incor e diretor das sociedades
brasileiras de Cardiologia e de Hipertensão Arterial.
A necessidade de identificar o
hipertenso antes que doenças se
manifestem traz sempre à tona
outro debate: quem pode e quem
não pode tirar a pressão. Para os
conselhos de Medicina e de Enfermagem, medir a pressão é um ato
restrito a médicos e enfermeiros.
Para especialistas como Mion e
Giorgi, qualquer profissional treinado é capaz de fazer isso, aqui incluídos agentes de saúde e pessoal
das farmácias. "Eles fariam a triagem e encaminhariam o paciente
a um posto de saúde", diz Giorgi.
Texto Anterior: Educação: Universidades de SP ameaçam fazer greve Próximo Texto: Panorâmica - Naufrágio: Comandante de barco depõe e nega culpa Índice
|