São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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Endividado, Jockey Club planeja atrair os fumantes para aumentar receita

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para resgatar o público dos tempos áureos e aumentar a sua receita, o Jockey Club de São Paulo tenta atrair novos nichos de frequentadores.
Pendurado em uma dívida de IPTU que se estende por décadas e passa dos R$ 160 milhões, seu presidente fala em atrair público de baixa renda para apostar nas corridas do hipódromo, no bairro nobre Cidade Jardim (zona oeste de São Paulo). Entre os planos, também quer seduzir os fumantes.
Para os adeptos do tabagismo, a ideia é aproveitar sua área livre para fazer bares e restaurantes que não se enquadrem na lei de proibição ao fumo em locais fechados, que deverá ser sancionada nos próximos dias pelo governador do Estado, José Serra (PSDB).
"Temos muitos clientes que adoram estender o almoço de sexta-feira com vinho e que gostam de fumar. Bares e restaurantes a céu aberto podem atrair esse público", diz Márcio Toledo, presidente do Jockey desde 2005.
O Bar do Alemão, que tem unidades em Itu, São Paulo e Campinas, negocia ser parceiro. "Podemos atrair público com o ambiente aberto, mas ainda teremos que estudar a adaptação à lei", diz Herbert Steiner, sócio do bar.
Pelo projeto de lei aprovado no Legislativo, são poucas as possibilidades para autorizar cigarro em locais que sirvam comida e bebida.
As exceções podem contemplar mesas em calçadas, desde que não haja cobertura (como toldo e marquise), e outros "espaços ao ar livre". O decreto que se seguirá à lei deverá ser mais específico nas regras.

"Queremos o povo"
Fundando em 1875, o tradicional habitat da aristocracia paulistana cobra hoje R$ 5 mil pelo o título e R$ 240 de mensalidade para ter acesso a três quadras de tênis, campos de futebol, churrasqueira e, "em breve", duas piscinas -atualmente, só os cavalos têm um lugar para nadar.
Em dias de grande prêmio, chegam a faltar chapéus femininos em ateliês e butiques, mas Toledo diz que "esse glamour não exclui quem tem renda menor".
"Seria ótimo que a prefeitura criasse linhas de ônibus para as pessoas virem ao Jockey, que é aberto. Não é mais como nos anos 1960, 1970, em que algumas famílias, mesmo fazendeiros, eram recusados. Não se cobra por passeio de pônei [nos fins de semana, a partir das 14h] e tem pipoca e cerveja de graça [em eventos específicos, como grandes prêmios]." A média de público aos finais de semana é de 5 mil pessoas, de acordo com o Jockey.
Nas corridas, as apostas mínimas são de R$ 2. No ano passado, elas movimentaram R$ 140 milhões no total -a maior parte usada para pagar os corredores e os que acertaram o palpite. O valor da premiação segue um cálculo com total de apostas e ganhadores -por isso, vencer com o "azarão" rende uma bolada maior.

R$ 1 milhão
No dia 17 de maio, um domingo, o Grande Prêmio de São Paulo oferecerá prêmio de R$ 1 milhão, sendo R$ 300 mil para o primeiro colocado na corrida. "Assim, atraímos cavalos melhores e o páreo fica mais competitivo, mais surpreendente para os apostadores", afirma o presidente do clube.


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