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foco
Endividado, Jockey Club planeja atrair os fumantes para aumentar receita
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para resgatar o público dos
tempos áureos e aumentar a
sua receita, o Jockey Club de
São Paulo tenta atrair novos nichos de frequentadores.
Pendurado em uma dívida de
IPTU que se estende por décadas e passa dos R$ 160 milhões,
seu presidente fala em atrair
público de baixa renda para
apostar nas corridas do hipódromo, no bairro nobre Cidade
Jardim (zona oeste de São Paulo). Entre os planos, também
quer seduzir os fumantes.
Para os adeptos do tabagismo, a ideia é aproveitar sua área
livre para fazer bares e restaurantes que não se enquadrem
na lei de proibição ao fumo em
locais fechados, que deverá ser
sancionada nos próximos dias
pelo governador do Estado, José Serra (PSDB).
"Temos muitos clientes que
adoram estender o almoço de
sexta-feira com vinho e que
gostam de fumar. Bares e restaurantes a céu aberto podem
atrair esse público", diz Márcio
Toledo, presidente do Jockey
desde 2005.
O Bar do Alemão, que tem
unidades em Itu, São Paulo e
Campinas, negocia ser parceiro. "Podemos atrair público
com o ambiente aberto, mas
ainda teremos que estudar a
adaptação à lei", diz Herbert
Steiner, sócio do bar.
Pelo projeto de lei aprovado
no Legislativo, são poucas as
possibilidades para autorizar
cigarro em locais que sirvam
comida e bebida.
As exceções podem contemplar mesas em calçadas, desde
que não haja cobertura (como
toldo e marquise), e outros "espaços ao ar livre". O decreto
que se seguirá à lei deverá ser
mais específico nas regras.
"Queremos o povo"
Fundando em 1875, o tradicional habitat da aristocracia
paulistana cobra hoje R$ 5 mil
pelo o título e R$ 240 de mensalidade para ter acesso a três
quadras de tênis, campos de futebol, churrasqueira e, "em
breve", duas piscinas -atualmente, só os cavalos têm um lugar para nadar.
Em dias de grande prêmio,
chegam a faltar chapéus femininos em ateliês e butiques,
mas Toledo diz que "esse glamour não exclui quem tem renda menor".
"Seria ótimo que a prefeitura
criasse linhas de ônibus para as
pessoas virem ao Jockey, que é
aberto. Não é mais como nos
anos 1960, 1970, em que algumas famílias, mesmo fazendeiros, eram recusados. Não se cobra por passeio de pônei [nos
fins de semana, a partir das
14h] e tem pipoca e cerveja de
graça [em eventos específicos,
como grandes prêmios]." A média de público aos finais de semana é de 5 mil pessoas, de
acordo com o Jockey.
Nas corridas, as apostas mínimas são de R$ 2. No ano passado, elas movimentaram
R$ 140 milhões no total -a
maior parte usada para pagar
os corredores e os que acertaram o palpite. O valor da premiação segue um cálculo com
total de apostas e ganhadores
-por isso, vencer com o "azarão" rende uma bolada maior.
R$ 1 milhão
No dia 17 de maio, um domingo, o Grande Prêmio de São
Paulo oferecerá prêmio de
R$ 1 milhão, sendo R$ 300 mil
para o primeiro colocado na
corrida. "Assim, atraímos cavalos melhores e o páreo fica mais
competitivo, mais surpreendente para os apostadores",
afirma o presidente do clube.
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