São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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THEODORO SYBERICHS (1909-2009)

O padre que foi enfermeiro na Segunda Guerra

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pneumonia matou o padre alemão Theodoro Syberichs na segunda-feira, no leito de um hospital que ele ajudou a fundar em Jaboticaba, cidade de 4.173 habitantes no Rio Grande do Sul. No Brasil, onde viveu por quase 60 anos, dedicou-se a obras sociais: construção de hospitais, igrejas e casas, conta o diácono Nilso Ricardo Zanella. A água encanada na cidade, por exemplo, foi ele quem brigou para levar. Padre desde 1936, Theodoro foi destacado para trabalhar como enfermeiro quando a Segunda Guerra eclodiu na Europa. Contava que, por mais de dois anos, feito prisioneiro dos norte-americanos, viveu num campo de concentração na França. Só depois de um ano de trabalhos forçados, conseguiu celebrar uma missa no local. "Ele evitava falar sobre os crimes de guerra que viu. Mas, da mesma forma que havia do lado alemão, ele também foi prisioneiro num campo de concentração", diz Nilso. Acabada a guerra, voltou para casa. Em 1949, foi destacado, como missionário, para trabalhar no Brasil. Desceu em Recife (PE) primeiro, pegou um navio até o Rio e, de lá, após oito dias de trem, chegou a Dom Pedrito (RS). No período em que ficou no Estado, passou por cerca de dez cidades. Os amigos o consideravam humilde e trabalhador, cuja frase mais marcante era "Devemos fazer". Em junho, Jaboticaba pretende celebrar seu centenário, marca que, por pouco, ele não atingiu em vida.

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