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Brasil tenta repatriar duas meninas
Crianças de três e nove anos estão em Portugal há três anos; mãe brasileira afirma que foi enganada por portuguesa
Consulado do Brasil contratou um advogado para contestar guarda; portuguesa não tem parentesco com as crianças
CAROLINA FARIAS
DA FOLHA ONLINE
O Ministério Público da Bahia e o Ministério das Relações
Exteriores tentam na Justiça
de Portugal repatriar duas meninas brasileiras, de três e nove
anos, que há três anos estão separadas da mãe. Elas estão sob
a guarda de uma portuguesa
com quem não têm parentesco.
O Consulado do Brasil em
Portugal tenta anular a decisão
da Justiça daquele país, que
deu a guarda à portuguesa mesmo sem autorização de permanência das crianças no exterior.
Em 2005, Rosenilda Barbosa
Alves, 26, conheceu a esteticista portuguesa Paula de Jesus
Costa Figueiredo em Camaçari
(BA). A mulher convidou Rosenilda a ir para Portugal e lhe
prometeu emprego. Com visto
de turista, Rosenilda viajou
com as filhas -a mais nova tinha 15 dias e a maior, seis anos.
Após alguns meses, diz Rosenilda, ela foi orientada pela portuguesa a voltar ao Brasil para
obter um visto de trabalho.
Ainda por sugestão da esteticista, segundo a brasileira, ela deixou as filhas em Lisboa e assinou documento informal para
repassar a guarda das crianças.
O procurador-geral de Justiça na Bahia, Lidivaldo Britto,
afirma que só no Brasil Rosenilda soube, pelo Consulado de
Portugal, que não existe contrato de trabalho para estrangeiros que vão atuar em atividades domésticas. "Então ela
viu que era uma cilada. Nesse
ínterim a portuguesa requereu
a adoção das crianças", diz ele.
A adoção foi negada, mas o
Poder Judiciário português
deu a guarda para a esteticista.
Rosenilda está há 90 dias em
Portugal falando apenas por telefone com só uma das filhas.
A Promotoria da Vara da Infância de Camaçari fez chegar o
caso ao Consulado do Brasil em
Portugal, que entrou com ação
na Justiça portuguesa pedindo
o repatriamento das crianças.
O Ministério Público português entrou também com uma
ação, municiado pelos mesmos
documentos enviados pela Promotoria de Camaçari.
Segundo os promotores brasileiros, só a ação protocolada
pela Promotoria portuguesa foi
aceita pela Justiça local, que solicitou um laudo psicológico da
filha mais velha de Rosenilda.
A criança teria relatado que
sofria maus-tratos no Brasil,
motivo pelo qual a Justiça portuguesa não acatou o pedido de
repatriação. O procurador-geral de Justiça na Bahia disse
que os dados sobre maus-tratos
à menina são falsos.
Para o promotor Carlos Martel Guanaes, que iniciou o caso
em Camaçari, trata-se de uma
afronta à Justiça brasileira. "O
que temos discutido não é nem
a questão de maus-tratos. O
que discutimos é a situação de
duas crianças brasileiras em
Portugal ilegalmente."
A defesa da esteticista portuguesa declarou que não vai se
manifestar para ""resguardar o
bem- estar das crianças".
Leia a reportagem
completa
www.folha.com.br/091144
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