|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fiéis apoiam padre acusado de pedofilia
Monsenhor de Arapiraca é suspeito de abusar de ex-coroinhas; ele admite prática homossexual, mas nega ser pedófilo
Moradores afirmam que religioso era conhecido na cidade pelo moralismo exagerado contra mulheres nas celebrações de missas
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAPIRACA (AL)
A casa onde o monsenhor
Luiz Marques Barbosa, 82,
cumpre prisão domiciliar, em
Arapiraca (a 122 km de Maceió), transformou-se em ponto de "romaria" para os seguidores do religioso, suspeito de
pedofilia e abuso sexual.
Todos os dias, de forma discreta, dezenas de fiéis visitam o
ex-pároco para confortá-lo, rezar e ouvir palavras de solidariedade.
"Ele está sendo confortado
pelos fiéis, porque fez um bom
trabalho na igreja", disse o comerciante Robson de Paula
Porciúncula, 55, após visitá-lo
com a mulher e a filha, na última quinta-feira.
No encontro, Porciúncula
disse ter evitado a comentar sobre o escândalo sexual, mas foi
o próprio religioso quem teria
tomado a iniciativa de falar sobre o assunto. "Todo mundo
sente quando um homem não
está em plena felicidade. Dava
para sentir", afirmou.
A casa-prisão de Barbosa é a
mesma onde foram gravadas as
cenas de sexo entre ele e um ex-coroinha. O imóvel, cercado
por muros altos e protegido por
cercas elétricas, fica a cerca de
300 metros da igreja onde ele
celebrou missas por 20 anos.
Até a divulgação do escândalo sexual, no final do ano passado, Barbosa tinha fama de ser
um padre moralista, que condenava o uso de roupas "inadequadas" por mulheres, como
blusas com alças, decotadas ou
com abertura nas costas.
"Mulher com roupa que
mostrava as carnes não entrava
na igreja", disse o mototaxista
José Leandro da Silva, 50, fiel
da igreja desde a chegada do
monsenhor à cidade. "Quantas
vezes ele não parou uma missa
para mandar alguém sair por
causa da roupa", lembrou.
Barbosa foi afastado em setembro de 2009 quando o bispo
de Penedo, dom Valério Breda,
65, soube do escândalo sexual.
Ele mandou ainda que as paróquias de Arapiraca divulgassem
mensagem, lida pelos padres
nas missas, pedindo "perdão a
todos [que] se sentiram agredidos em sua integridade e traídos em seus sentimentos".
O ex-pároco está preso desde
a semana passada a pedido da
Promotoria que suspeita da sua
possibilidade de fuga do país.
Além do crime sexual, a polícia investiga a suposta extorsão
praticada pelos ex-coroinhas.
Eles acusam o religioso de abuso sexual, desde quando eram
crianças, e negam ter exigido
dinheiro para evitar a divulgação das imagens a TV.
Barbosa admite a prática de
homossexualismo com um
adulto, o que não é crime.
Texto Anterior: Elisa Pereira Knapp (1923-2010): A bióloga que se transformou em "mil ventos" Próximo Texto: Frase Índice
|