São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

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Fiéis apoiam padre acusado de pedofilia

Monsenhor de Arapiraca é suspeito de abusar de ex-coroinhas; ele admite prática homossexual, mas nega ser pedófilo

Moradores afirmam que religioso era conhecido na cidade pelo moralismo exagerado contra mulheres nas celebrações de missas

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAPIRACA (AL)

A casa onde o monsenhor Luiz Marques Barbosa, 82, cumpre prisão domiciliar, em Arapiraca (a 122 km de Maceió), transformou-se em ponto de "romaria" para os seguidores do religioso, suspeito de pedofilia e abuso sexual.
Todos os dias, de forma discreta, dezenas de fiéis visitam o ex-pároco para confortá-lo, rezar e ouvir palavras de solidariedade.
"Ele está sendo confortado pelos fiéis, porque fez um bom trabalho na igreja", disse o comerciante Robson de Paula Porciúncula, 55, após visitá-lo com a mulher e a filha, na última quinta-feira.
No encontro, Porciúncula disse ter evitado a comentar sobre o escândalo sexual, mas foi o próprio religioso quem teria tomado a iniciativa de falar sobre o assunto. "Todo mundo sente quando um homem não está em plena felicidade. Dava para sentir", afirmou.
A casa-prisão de Barbosa é a mesma onde foram gravadas as cenas de sexo entre ele e um ex-coroinha. O imóvel, cercado por muros altos e protegido por cercas elétricas, fica a cerca de 300 metros da igreja onde ele celebrou missas por 20 anos.
Até a divulgação do escândalo sexual, no final do ano passado, Barbosa tinha fama de ser um padre moralista, que condenava o uso de roupas "inadequadas" por mulheres, como blusas com alças, decotadas ou com abertura nas costas.
"Mulher com roupa que mostrava as carnes não entrava na igreja", disse o mototaxista José Leandro da Silva, 50, fiel da igreja desde a chegada do monsenhor à cidade. "Quantas vezes ele não parou uma missa para mandar alguém sair por causa da roupa", lembrou.
Barbosa foi afastado em setembro de 2009 quando o bispo de Penedo, dom Valério Breda, 65, soube do escândalo sexual. Ele mandou ainda que as paróquias de Arapiraca divulgassem mensagem, lida pelos padres nas missas, pedindo "perdão a todos [que] se sentiram agredidos em sua integridade e traídos em seus sentimentos".
O ex-pároco está preso desde a semana passada a pedido da Promotoria que suspeita da sua possibilidade de fuga do país.
Além do crime sexual, a polícia investiga a suposta extorsão praticada pelos ex-coroinhas. Eles acusam o religioso de abuso sexual, desde quando eram crianças, e negam ter exigido dinheiro para evitar a divulgação das imagens a TV.
Barbosa admite a prática de homossexualismo com um adulto, o que não é crime.


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