São Paulo, sábado, 25 de abril de 1998

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SAÚDE
Pesquisa realizada no RJ mostra que 70 % das crianças hipertensas vêm de famílias com taxas elevadas de colesterol
Mau hábito alimentar gera filho hipertenso

da Sucursal do Rio

Uma pesquisa realizada na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com crianças hipertensas mostra que 70% delas vêm de famílias com hábitos alimentares ruins e taxas elevadas de pressão, colesterol e glicose.
O estudo será apresentado no 13º Congresso Mundial de Cardiologia, que começa amanhã no Rio. Os pesquisadores mostrarão os primeiros resultados de um projeto de prevenção de doenças cardiovasculares em todo o núcleo familiar.
O projeto Família de Bom Coração, iniciado há dois anos pelo Hospital Universitário Pedro Ernesto, trabalha hoje com 300 famílias -sendo 50% do grupo que apresentou fatores de riscos mais altos para o desenvolvimento de doenças. O trabalho que acabou gerando o projeto começou em 83.
Desde então, foi analisada a pressão arterial de 7.500 alunos de 6 a 15 anos de escolas próximas ao hospital, em Vila Isabel.
A pesquisa constatou que 7% das crianças apresentavam maiores pressão arterial, peso, massa do músculo cardíaco e taxas de colesterol, além de menor tolerância à glicose que as demais.
Problemas semelhantes foram encontrados nos pais e irmãos dos alunos com taxas de risco. As famílias tinham hábitos semelhantes -e errados: colesterol demais, frituras demais e vida sedentária.
"Eram pais com média de 45 anos, que não é a idade mais apropriada para o aparecimento de doenças cardiovasculares", disse o responsável pelo projeto, o cardiologista Ayrton Brandão, 60.
Os pesquisadores partiram para um programa de intervenção nessas famílias, fazendo estudo comparativo com as outras que não apresentaram problemas. Segundo Brandão, o objetivo principal do projeto é mostrar, ao longo dos anos, a importância de mudar o estilo de vida para melhorar a saúde da população atendida.
Amostras de sangue dos familiares pesquisados foram guardadas, sob condições ideais de refrigeração, para serem comparadas com novos exames no futuro.
Famílias que adotaram novos padrões de comportamento, a partir da orientação de nutricionistas e médicos do hospital, como uma dieta balanceada e exercícios regulares, vêm apresentando melhoras sensíveis no seu estado de saúde. É o caso do enfermeiro Antônio Isidoro dos Santos, 55, de sua mulher, a dona de casa Sueli Lima dos Santos, 56, e dos filhos Aldemar, 23, e Anderson, 16.
A família entrou para o programa quando Aldemar foi examinado, com 13 anos. Ele tinha 68 kg e media 1,52 m. Hoje, está com 71 kg e 1,79 m. Hoje, após uma mudança na dieta, a situação familiar é outra. "Não passamos fome, só mudamos os hábitos alimentares", diz Sueli.



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