São Paulo, Domingo, 25 de Abril de 1999
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Governo prepara novo crédito educativo

do Conselho Editorial

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, está montando um programa para lançar um novo sistema de crédito educativo -o atual programa, informa, está falido.
Falido porque, além de atender um número reduzido -cerca de 70 mil estudantes-, está repleto de "micos", devido à alta taxa de inadimplência.
O dinheiro vem, hoje, do Orçamento da União.
Com a assessoria do Banco Mundial, Paulo Renato desenha um plano que deveria chegar a um total de U$ 1 bilhão -metade desses recursos viria do Banco Mundial e o restante seria de contrapartidas nacionais, bancadas pelas faculdades privadas e fundos oficiais como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Os planos ainda estão em fase inicial, mas o fato, segundo o ministro, é que o crédito educativo deveria atingir, no mínimo, 400 mil estudantes, com juros facilitados que os permitam pagar de volta o empréstimo.
"Estamos diante de uma carência de proporções gigantescas", afirma o ministro.
Dos 2,1 milhões de alunos do ensino superior, 65% estão em faculdades privadas -e essa proporção aumenta a cada ano.

Efeitos
Quem sente o tamanho da crise primeiro é o aluno, obrigado a interromper o curso. Mas também as faculdades, vítimas de taxas de inadimplência que batem recorde atrás de recorde.
"Temos exércitos de estudantes desesperados", afirma Gabriel Mário Rodrigues, da Semesp, o sindicato das faculdades particulares paulistas.
A taxa de inadimplência, este ano, já beira os 35% -um fenômeno que, obviamente, afeta os estudantes de segundo grau em todo o país.
Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), haveria hoje, entre pais e alunos, 270 mil pessoas na lista de devedores por não pagar as mensalidades.
No desespero, as faculdades já aceitam de cheque pré-datados a computadores, terreno e até automóveis usados dos alunos. (GD)


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