São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2011

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Pimenta Neves é preso 11 anos após crime

Com decisão do Supremo ontem, assassino confesso de ex-namorada não tem mais direito a recorrer de condenação

Jornalista se entregou no início da noite; "É chegado o momento de cumprir a pena", diz ministro do STF


Marlene Bergamo/Folhapress
O jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves deixa a sua casa, na zona sul de São Paulo, após se entregar à polícia ontem

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO


O jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, 74, foi preso ontem em São Paulo após o Supremo Tribunal Federal negar, por unanimidade, o último recurso possível apresentado por sua defesa.
A casa onde mora, na zona sul, foi cercada por policiais no início da noite. Após breve negociação, precedida de uma conversa telefônica com a polícia, ele se entregou.
Assassino confesso da também jornalista Sandra Gomide, sua ex-namorada, ele foi condenado, em 2006, a 19 anos de prisão pelo Tribunal do Júri de Ibiúna, cidade paulista onde o crime ocorreu.
Mas ele conseguiu, no STJ (Superior Tribunal de Justiça), reduzir a pena, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, para 15 anos.
Quase 11 anos após o crime, Pimenta Neves estava solto graças a recursos em todas as instâncias judiciais. Os advogados do jornalista sempre alegaram que o crime foi cometido sob forte emoção.
Ele chegou a ser preso no fim de 2000, mas foi solto seis meses depois, por Celso de Mello. O ministro do STF entendeu que Pimenta Neves deveria ficar solto até que o último recurso fosse julgado.
Foi o que aconteceu ontem. "É chegado o momento de cumprir a pena", disse Celso de Mello, relator do recurso. "Não se pode falar em comprometimento da plenitude do direito de defesa."
A decisão foi tomada pela 2ª Turma, formada por cinco ministros. A defesa de Pimenta Neves poderá apenas contestá-la tecnicamente, mas não pode suspender a prisão.
Ontem, os ministros que participaram do julgamento criticaram a quantidade de recursos usados. A ministra Ellen Gracie afirmou que o caso era um dos mais difíceis de explicar no exterior.
"Como justificar que, num delito cometido em 2000, até hoje não cumpre pena o acusado?", disse ela, para quem a quantidade de recursos da defesa foi um "exagero".
O colega Ayres Britto concordou, ao dizer que esse excesso beirou o "absurdo".

O CRIME
Pimenta Neves matou Sandra Gomide com dois tiros pelas costas em 20 de agosto de 2000 e confessou quatro dias depois. Na época, era diretor de redação do jornal "O Estado de S. Paulo", onde Sandra trabalhou como repórter e editora até ser demitida por ele, um mês antes do assassinato. Ela tinha 32 anos.
O jornalista foi preso às 20h01. Segundo os policiais, ele não ofereceu resistência e afirmou que já esperava ser preso ontem. Em seguida, Pimenta fez a mala, onde, além de roupas, pôs dois livros.
Ele foi examinado por um médico do IML no Dird (Departamento de Identificação e Registros Diversos). Por volta das 23h35, partiu para o 2º DP, no Bom Retiro (centro), onde passaria a noite. (FELIPE SELIGMAN, EMILIO SANT'ANNA, VANESSA CORREA e EDUARDO GERAQUE)


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