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DROGAS
Pesquisa revela que 20% dos alunos da universidade usam a droga com frequência; tabaco é fumado por 27%
Maconha e cigarro concorrem na USP
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Na Universidade de São Paulo, a
maconha se transformou num hábito tão comum como fumar cigarro. De cada 100 alunos, 20 fumam maconha com frequência; 27
costumam fumar cigarro.
Em pelo menos um campus do
interior, o de Pirassununga (207
km ao norte de São Paulo), a porcentagem de fumantes frequentes
de tabaco e de maconha está empatada em 31%.
Esses são alguns dos resultados
de pesquisa feita por psiquiatras
com 4.395 alunos das faculdades
da capital e interior, a ser apresentada hoje num seminário sobre
maconha convocado pelo reitor da
USP, Jacques Marcovitch.
"Estamos em busca de alternativas", explica o reitor, que convocou para o encontro estudiosos favoráveis e contrários à descriminação da maconha.
O seminário faz parte de um programa encomendado a psiquiatras
e psicólogas da USP para prevenção e tratamento de dependentes
de drogas.
Relatório reservado da Polícia
Civil sustenta que o tráfico de drogas é disseminado nas faculdades.
A venda seria facilitada pela proximidade das favelas, onde haveria
quadrilhas organizadas de tráfico.
A pesquisa será apresentada pelo
psiquiatra Artur Guerra, coordenador do Grea (Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Droga), do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina.
"As drogas correm livremente na
universidade. E temos de saber como lidar com isso", diz Guerra.
Dartiu Xavier da Silveira, diretor
do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes
de Drogas), não considera a conclusão da pesquisa alarmante.
"Essa é uma pesquisa de uso, não
de dependência à droga."
Segundo ele, esse estudo é importante para que se tenha um mapeamento do que acontece entre
os jovens. "A juventude é a fase do
experimento."
Há controvérsias sobre os efeitos
da maconha comparados ao do tabaco. "O que está matando hoje é
o cigarro, não a maconha", diz
Elisaldo Carlini, chefe do Centro
Brasileiro de Estudos de Drogas
Psicotrópicas. "Isso não significa
que a maconha não cause danos."
Pela pesquisa que vai ser divulgada hoje, a situação é mais grave
no interior, onde o estudante está
longe da família e há menos opções de lazer. Na capital, os usuários frequentes de maconha -ou
seja, fumaram nos 30 dias anteriores à pesquisa- somam 15%.
No interior, chegam a 31% em
Pirassununga, 19,7% em Bauru e
20,7% em Piracicaba. "São números subestimados. Muita gente
tem receio de admitir algo clandestino", diz Guerra.
Quando se somam todas as drogas -cocaína, maconha, anfetaminas ou inalantes-, a situação
se torna mais delicada. De cada 100
alunos das áreas de biológicas da
USP na capital, período noturno,
26 usam algum tipo de droga.
Guerra conduziu uma investigação exclusivamente nas faculdades
de medicina de São Paulo - e
também encontrou as drogas disseminadas, embora em menor
proporção. O estudo coletou 3.725
entrevistas de nove faculdades, registrando que 9% dos estudantes
fumam constantemente maconha.
É quase a mesma porcentagem dos
consumidores de cigarro: 10%.
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